O mau cheiro do servidor público
Depois de quase um ano fora das salas de aula, Toêta e Babinha – desistentes do ensino fundamental - resolveram aprumar vida escolar. Apesar dos problemas (filhos, início de alcoolismo,...) consegui convencê-los a estudar em casa. Fariam provas em alguma instituição que acolha essa modalidade de ensino; pensei!
Cedo, parti em busca da definição; o local mais indicado, pensei ser uma Secretaria Municipal de Educação. Depois de confrontar caras mal encaradas - característica do mau servidor público – “mandaram-me” procurar o Eja, na “casinha no fundo do prédio” (sic). Minha empolgação caiu por terra logo na entrada: confundi EJA (Educação de Jovens e Adultos) com nome de atendente simpático - coisa rara, mas ainda existente no serviço público; principalmente quando você não anda com vestes da liturgia.
Expliquei meu propósito: fazer com que os meninos voltem a estudar. Recebi de cara um não: “...não temos esse tipo de serviço...” – e se você imaginou que a resposta foi dada pela servidora mais antiga da sala, com cara de antipatia cansada do “faz de conta que eu trabalho e eles fazem de conta que me pagam”: Acertou...! Uma segunda, ainda não deformada - sem largar olhar do computador -, amenizou minha agonia:
“...procure órgão do estado; talvez eles o atendam...”
No canto, ao lado da entrada – com visual BBB - uma terceira solta uma olhada de soslaio: talvez buscando explicação para meu jeito “Jeca” com frases enfeitadas de Cult... Apelo para um telefone ou contato virtual da Secretaria de Educação do Estado. A resposta parece ser de praxe: “...Não temos...”
- “Em questão de Educação, Município e Estado estão mais distantes do que nunca...” Foi a frase que se afrouxou tempestiva. Esperei respostas do triunvirato feminino; não veio!
Nessa briga política – Estado verso Município (Em qualquer lugar do Brasil) - Não faltam “contracheques” cumprindo determinações superiores que não dão a mínima para a situação do nosso povo; apenas proliferam o puxaquismo do porto seguro com ordens de chefes, entronados em instituições de interesses politiqueiros.
Guardei réplica para o papel, dei nos calcanhares e deixei meu cheiro de “Natura” fiado para diluir um pouco o odor do mau servidor público. Ganhei, mais uma vez, dúvida sobre ter que renovar minhas vestes ou meus propósitos de vida.
Minhas vestes, talvez; meus propósitos, NUNCA...!
O cheiro, quem sabe...