PRESENÇA DE ESPÍRITO
Conta o anedotário político brasileiro que em meados do século passado ocorreu um episódio envolvendo um homem do povo em pleno período de campanha eleitoral que deu muito que falar.
Depois de passar uma manhã inteira e metade da tarde, comendo e bebendo à vontade e, nos intervalos, proferindo alguns discursos em cima de um palanque instalado na praça principal da cidade “A”, localizada na região sul da Bahia, esse homem do povo teria de se apresentar à noitinha na cidade “B”, situada na região nordeste do mesmo estado.
Todos os integrantes de sua comitiva também comeram e beberam bem pra lá da conta. Ele, por ser o mais “paparicado” durante as solenidades no decorrer desse dia, decerto, exagerou nas “doses” ingeridas e tudo isso fez com que ele pegasse no sono bem antes de entrar no avião que o levaria à cidade "B".
As testemunhas que presenciaram o fato relatam que ele viajou de uma cidade à outra dormindo como um anjo e que foi amparado pelos seus assessores nos momentos em que subiu e desceu do avião.
Meio atordoado com o alvoroço da recepção dos políticos e correligionários que estavam lhe aguardando na cidade “B” e talvez um pouco exausto com o corre-corre daquele dia cheio de solenidades, ele não se deu conta que tinha acabado de chegar àquela segunda cidade.
Ali, em meio à multidão que o cercava e o aplaudia fervorosamente, saudando a sua chegada, ele não pensou duas vezes e iniciou seu discurso falando entusiasticamente para toda a platéia presente, imaginando que ainda estivesse na cidade “A”:
- “Meus queridos correligionários da cidade “A”...
Um dos seus assessores, preocupado com o que poderia acontecer acaso ele prosseguisse falando, se aproximou do ouvido do orador e cochichou:
- Nós não estamos mais na cidade “A”, acabamos de chegar à cidade “B”...
O orador insistiu no seu pronunciamento, referindo-se de forma veemente ao povo da cidade “A”, deixando aquele seu assessor um pouco mais confuso que antes.
A multidão presente calou por alguns segundos ante àquela suposta gafe do orador e o seu assessor quase teve uma síncope; ele voltou a se aproximar do ouvido do seu chefe e, desta feita, além de cochichar, aplicou-lhe um tremendo beliscão, dizendo-lhe em seguida de maneira bem pausada:
- Doutor, nós já chegamos à cidade “B”, pelo amor de Deus, dirija a sua fala aos correligionários daqui...
Fingindo não ter entendido nada daquilo que tinha acabado de ouvir de seu assessor, o orador prosseguiu seu discurso de forma enfática, usando a mesma linha de raciocínio inicial...
- Meus queridos correligionários da cidade “A”, eu juro por Deus, que gostaria muito que todos os senhores estivessem aqui para testemunhar de perto essa calorosa multidão que nos cerca na cidade “B” etc.
Nem é preciso dizer que ao final do discurso, graças àquela sua saída de mestre, ele recebeu muitos tapinhas nas costas dos demais políticos e de alguns correligionários ali presentes.
Já os seus assessores, que suaram frio o tempo todo tentando proteger o seu chefe, sugeriram aos jornalistas que estavam cobrindo o evento que aquele discurso, em particular, deveria ser registrado nos anais da história da política partidária nacional como um dos mais bonitos e mais estratégicos do seu repertório.
Como se vê, assessor bajulador e capim-de-burro nascem em qualquer lugar e nem é preciso adubo e/ou terreno fértil para que eles cresçam e floresçam, sendo que o mesmo não acontece com bons oradores dotados de boa presença de espírito...
Conta o anedotário político brasileiro que em meados do século passado ocorreu um episódio envolvendo um homem do povo em pleno período de campanha eleitoral que deu muito que falar.
Depois de passar uma manhã inteira e metade da tarde, comendo e bebendo à vontade e, nos intervalos, proferindo alguns discursos em cima de um palanque instalado na praça principal da cidade “A”, localizada na região sul da Bahia, esse homem do povo teria de se apresentar à noitinha na cidade “B”, situada na região nordeste do mesmo estado.
Todos os integrantes de sua comitiva também comeram e beberam bem pra lá da conta. Ele, por ser o mais “paparicado” durante as solenidades no decorrer desse dia, decerto, exagerou nas “doses” ingeridas e tudo isso fez com que ele pegasse no sono bem antes de entrar no avião que o levaria à cidade "B".
As testemunhas que presenciaram o fato relatam que ele viajou de uma cidade à outra dormindo como um anjo e que foi amparado pelos seus assessores nos momentos em que subiu e desceu do avião.
Meio atordoado com o alvoroço da recepção dos políticos e correligionários que estavam lhe aguardando na cidade “B” e talvez um pouco exausto com o corre-corre daquele dia cheio de solenidades, ele não se deu conta que tinha acabado de chegar àquela segunda cidade.
Ali, em meio à multidão que o cercava e o aplaudia fervorosamente, saudando a sua chegada, ele não pensou duas vezes e iniciou seu discurso falando entusiasticamente para toda a platéia presente, imaginando que ainda estivesse na cidade “A”:
- “Meus queridos correligionários da cidade “A”...
Um dos seus assessores, preocupado com o que poderia acontecer acaso ele prosseguisse falando, se aproximou do ouvido do orador e cochichou:
- Nós não estamos mais na cidade “A”, acabamos de chegar à cidade “B”...
O orador insistiu no seu pronunciamento, referindo-se de forma veemente ao povo da cidade “A”, deixando aquele seu assessor um pouco mais confuso que antes.
A multidão presente calou por alguns segundos ante àquela suposta gafe do orador e o seu assessor quase teve uma síncope; ele voltou a se aproximar do ouvido do seu chefe e, desta feita, além de cochichar, aplicou-lhe um tremendo beliscão, dizendo-lhe em seguida de maneira bem pausada:
- Doutor, nós já chegamos à cidade “B”, pelo amor de Deus, dirija a sua fala aos correligionários daqui...
Fingindo não ter entendido nada daquilo que tinha acabado de ouvir de seu assessor, o orador prosseguiu seu discurso de forma enfática, usando a mesma linha de raciocínio inicial...
- Meus queridos correligionários da cidade “A”, eu juro por Deus, que gostaria muito que todos os senhores estivessem aqui para testemunhar de perto essa calorosa multidão que nos cerca na cidade “B” etc.
Nem é preciso dizer que ao final do discurso, graças àquela sua saída de mestre, ele recebeu muitos tapinhas nas costas dos demais políticos e de alguns correligionários ali presentes.
Já os seus assessores, que suaram frio o tempo todo tentando proteger o seu chefe, sugeriram aos jornalistas que estavam cobrindo o evento que aquele discurso, em particular, deveria ser registrado nos anais da história da política partidária nacional como um dos mais bonitos e mais estratégicos do seu repertório.
Como se vê, assessor bajulador e capim-de-burro nascem em qualquer lugar e nem é preciso adubo e/ou terreno fértil para que eles cresçam e floresçam, sendo que o mesmo não acontece com bons oradores dotados de boa presença de espírito...