Você se lembra do Orlando Mirais?

Nos anos sessenta em Joaquim Távora, vivia uma figura muito importante. Seus familiares eram donos de padaria. Seu irmão Luís Mirais, era goleiro da melhor equipe do Clube Esportivo e Recreativo Tavorense, que aqui existiu. Nosso personagem também foi goleiro por muito tempo. Chegou a jogar um campeonato paulista da primeira divisão pelo Jabaquara de Santos.

─ O Filpo Nunes era muito bom treinador!- dizia Orlando, com certa saudade nos olhos, sempre se recordando dos velhos tempos de Jabuca. Filpo Nunes era Paraguaio e treinou o Palmeiras por muito tempo.

Orlando Mirais foi casado com uma bela esposa, depois se separou. Fala-se que quando profissional se vestia muito bem.

Mesmo depois de quarentão ele ainda jogava nas peladas que apareciam. Lamentavelmente, Orlando era alcoólatra. Mas assim mesmo todos o queriam no gol.

─ Feito! – dizia aonde chegava. Além de tudo era um exímio jogador de bilhar. Bastava que lhe dessem uma moedinha e ele saía ganhando na mata-mata. Era uma figura fora de série nesta cidade. De vez em quando ele criava um ritual. Bebia 21 dias e parava outros vinte e um. Artesão, Orlando fabricava garrafas que pareciam cortadas do tronco de uma árvore. E logo as trocava por pinga. Meio padeiro fabricava um pão que ficou muito conhecido na cidade. Era o seu pão-jacaré. O alimento tinha a forma de um jacaré. E ele ainda colocava um ovo cozido na boca do bicho.

Com a mudança de seu irmão para o norte do Paraná, nunca mais soubemos daquela figura hilariante, dos ora quentes e ora ventosos, dias tavorenses. Onde será que anda???