Ah! Essa nossa inguinorança
O cartaz era claríssimo, mais que as águas do Tietê
Estava distribuído por toda a cidade:
SÁBADO DE CULTURA NO CCBB
O FAMOSO LUTHIER INGLES MR CARPENTER FARÁ NO PROXIMO SÁBADO, ÀS 21 HORAS, UM CONSERTO DE VIOLINO NO AUDITÓRIO DO CCBB - CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL.
Na abertura haverá uma pequena palestra sobre:
“ Algum conhecimento da língua portuguesa e o significado das palavra LUTHIER e CARPENTER que será proferido por uma emérita professora”.
ENTRADA FRANCA
O apresentador chamou Mr Carpenter que entrou meio desconfiado com tamanha audiência.
Usando um impecável macacão branco, ele, que estava acostumado a realizar seu trabalho sozinho, sorriu e querendo agradar gritou bem alto:
“ I ENJOY BRAZIL”
Prá que... um grupo de estudantes universitários do curso de línguas, começou logo um corinho:
Um ...dois... três..., quatro cinco mil... queremos que o inglês...( resto vocês sabem)
Outro gritou: Se enjoa do Brasil... vai embora.... gringo safado.
Em meio à gritaria a professora de português entra e aí faz-se o silêncio.
“Agradeço a presença das autoridades civis, políticas, militares e estudantes... serei breve, pois sei que todos querem ver o trabalho de Mr. Carpenter.
- CARPENTER, meus amigos e minhas amigas, na língua de Shakespeare, significa carpinteiro;
- LUTHIER é nada mais nada menos aquele profissional de fabrica e conserta instrumentos musicais
- E finalmente... na última flor do Lácio CONSERTO com “S” significa fazer reparo, remendar, arrumar, consertar alguma coisa e CONCERTO com C é executar alguma música.
- Dito isso, chamo mr. Carpenter para consertar este violino que está com o braço quebrado...muito obrigado.
Não vou entrar em detalhes do tumulto gerado, isso fica para as páginas policiais, mas informo apenas que a professora foi levada em uma ambulância para a Emergência do Hospital de Base, após levar com o violino na cabeça e Mr. Carpenter, foi parar na Primeira DP, arrastado pelos estudantes que queriam linchá-lo e alguns militares que lhe deram voz de prisão.
Atônito, o inglês só gritava: WHAT’S HAPPENING?...WHAT’S HAPPENING?