AEDO CIBERNÉTICO* - O MESTRE SALA DOS MARES

Dentre as muitas formas de resistência às condições de vida e de trabalho da maioria da população brasileira, seja sob a monarquia, seja sob a república, uma revolta marcante foi a da vacina, em 1904, quando Oswaldo Cruz tentou imunizar a população do Rio contra a varíola e febre amarela. Sem aviso prévio, invasivamente e sem nenhuma campanha esclarecedora. Uma tentativa de erradicação e uma revolta contra a profilaxia.

A outra (1910) foi a dos marinheiros que ficou conhecida como a Revolta da Chibata, contra maus tratos aos tripulantes dos navios da marinha brasileira. O líder era o marinheiro João Cândido, também conhecido como Almirante Negro. Ameaçavam bombardear a cidade, se não fossem atendidos. ( a maioria era de negros).

Houve uma relativa vitória dos insurgentes, pois os castigos físicos foram abolidos um dia após a Proclamação da República mas foram restabelecidos no ano seguinte (1890):

"Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo."

(J. M. Carvalho – Os Bestializados).

Foram violentamente reprimidos e o governo não cumpriu a promessa de acabar com a situação, prendendo os líderes e enviando outros para a floresta amazônica. O Almirante Negro foi expulso da Marinha e internado como louco.

Vejam essa pérola de música que o compositor João Bosco produziu para ilustrar esse momento histórico .

O MESTRE SALA DOS MARES

Há muito tempo nas águas da Guanabara

O dragão do mar reapareceu

Na figura de um bravo feiticeiro

A quem a história não esqueceu

Conhecido como o navegante negro

Tinha a dignidade de um mestre-sala

E ao acenar pelo mar na alegria das regatas

Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas

Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas

Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas

Inundando o coração do pessoal do porão

Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas

Às mulatas, às sereias

Glória à farofa

à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias

Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro

Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve

Salve o navegante negro

Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo

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* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 25/08/2009
Código do texto: T1772979