Rio Timbuí - Santa Teresa - ES
Lamento de um Rio
Ah!... Timbui...
Tua mensagem chega humilde, obscura,
Não sabe a quem procura,
Nem em que terras se aventura...
Mas trás o teu recado
A sentença do pecado
Teu apelo a tanta humilhação!
O homem esqueceu que água é vida
E que a vida é comprida
E que rio tem coração.
Deixo que fale teu mensageiro,
Homem sensível, verdadeiro,
Nas suas silenciosas lembranças
E inabalável esperança!
Passo a palavra para o Roque,
Seu amigo de infância
Que fez contigo uma aliança
Numa tentativa desesperada de mudança!
Carmen Vervloet
Lamento de um Rio
Após minha jornada de trabalho me dirigia para casa como venho fazendo ao longo de quase trinta anos. Só que hoje ao atravessar o “córrego”, outrora rio Timbuí, ouvi uma débil voz que suplicava:
“Socorro... Socorro... Por favor, não me deixe morrer dessa maneira tão humilhante”... Parei assustado e fiquei olhando em volta, tentando localizar de onde vinha aquele apelo tão triste. Foi aí que a mesma voz, agora um pouco mais forte, porém cheia de amargura, disse: “Sou eu, Roque, o Timbuí. O Timbuí da sua infância... Você não pode ter esquecido de mim. Você que trocava tudo na vida, por um mergulho em minhas águas, outrora límpidas e cristalinas. Onde estão Leleu, Luiz, Isac, Neneu, Betinho, Caico e Zé Araldo? Sei que uns se foram para sempre. Outros devem estar por este mundo afora e talvez nem se lembrem mais de mim, eu que fui a alegria de todos vocês! Olhe para mim agora, veja em que fui transformado, eu que era o orgulho da cidade com meus lambaris, mandis, traíras e jundiás que também agonizam comigo. Não passo agora de um esgoto sujo e mal cheiroso, que em lugar de orgulhar, envergonho minha querida Santa Tereza. Alguns dias atrás, ouvi o alarido de uma passeata, que passava pelas ruas e gritava em altas vozes: _ Vamos salvar o Timbuí; Timbuí rio ou esgoto... A opção é sua; Salvar o Timbuí é uma necessidade e outras coisas mais... Algumas pessoas cheias de boas intenções, reconheço, em contraste com a podre demagogia de outros. Mas, triste ironia!... Essas mesmas pessoas ao chegarem em casa para se banharem ou fazer suas próprias necessidades, mais dejetos atiraram para dentro de mim, ajudando mais e mais a me poluir. Será que eu ainda tenho salvação? Será que serei para seus netos o mesmo Timbuí que fui para você? Talvez... Se eu resistir até mudar a mente da humanidade, que destrói tudo mesmo sabendo que está se destruindo!”
Fiquei ainda algum tempo olhando aquele fio de água suja e lodosa em seu triste trajeto para o mar, mas que pelo menos agora, levava alguma coisa pura que deixei cair em suas águas, minhas lágrimas. Sonho? Quem sabe? Talvez um sonho, porém pintado com as tintas da triste realidade!
Metrídates Roque Pretti
Lamento de um Rio
Ah!... Timbui...
Tua mensagem chega humilde, obscura,
Não sabe a quem procura,
Nem em que terras se aventura...
Mas trás o teu recado
A sentença do pecado
Teu apelo a tanta humilhação!
O homem esqueceu que água é vida
E que a vida é comprida
E que rio tem coração.
Deixo que fale teu mensageiro,
Homem sensível, verdadeiro,
Nas suas silenciosas lembranças
E inabalável esperança!
Passo a palavra para o Roque,
Seu amigo de infância
Que fez contigo uma aliança
Numa tentativa desesperada de mudança!
Carmen Vervloet
Lamento de um Rio
Após minha jornada de trabalho me dirigia para casa como venho fazendo ao longo de quase trinta anos. Só que hoje ao atravessar o “córrego”, outrora rio Timbuí, ouvi uma débil voz que suplicava:
“Socorro... Socorro... Por favor, não me deixe morrer dessa maneira tão humilhante”... Parei assustado e fiquei olhando em volta, tentando localizar de onde vinha aquele apelo tão triste. Foi aí que a mesma voz, agora um pouco mais forte, porém cheia de amargura, disse: “Sou eu, Roque, o Timbuí. O Timbuí da sua infância... Você não pode ter esquecido de mim. Você que trocava tudo na vida, por um mergulho em minhas águas, outrora límpidas e cristalinas. Onde estão Leleu, Luiz, Isac, Neneu, Betinho, Caico e Zé Araldo? Sei que uns se foram para sempre. Outros devem estar por este mundo afora e talvez nem se lembrem mais de mim, eu que fui a alegria de todos vocês! Olhe para mim agora, veja em que fui transformado, eu que era o orgulho da cidade com meus lambaris, mandis, traíras e jundiás que também agonizam comigo. Não passo agora de um esgoto sujo e mal cheiroso, que em lugar de orgulhar, envergonho minha querida Santa Tereza. Alguns dias atrás, ouvi o alarido de uma passeata, que passava pelas ruas e gritava em altas vozes: _ Vamos salvar o Timbuí; Timbuí rio ou esgoto... A opção é sua; Salvar o Timbuí é uma necessidade e outras coisas mais... Algumas pessoas cheias de boas intenções, reconheço, em contraste com a podre demagogia de outros. Mas, triste ironia!... Essas mesmas pessoas ao chegarem em casa para se banharem ou fazer suas próprias necessidades, mais dejetos atiraram para dentro de mim, ajudando mais e mais a me poluir. Será que eu ainda tenho salvação? Será que serei para seus netos o mesmo Timbuí que fui para você? Talvez... Se eu resistir até mudar a mente da humanidade, que destrói tudo mesmo sabendo que está se destruindo!”
Fiquei ainda algum tempo olhando aquele fio de água suja e lodosa em seu triste trajeto para o mar, mas que pelo menos agora, levava alguma coisa pura que deixei cair em suas águas, minhas lágrimas. Sonho? Quem sabe? Talvez um sonho, porém pintado com as tintas da triste realidade!
Metrídates Roque Pretti