CUIDAR DE SI E DO OUTRO

Hoje perambulando ao meu bel prazer, pelo calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, pude desfrutar de uma manhã de praia vazia, de uma brisa suave e bem fresquinha; isso não ocorreria se o Rio de Janeiro não tivesse amanhecido com os sintomas da estação do inverno, parecendo São Paulo, quando ainda nos tempos da garoa, bons tempos que já se foram. Hoje com a ciência que nos trouxe as novas tecnologias, em nome de uma modernidade, que o próprio ser humano não encontra força em seus passos para acompanhar, com exceções de alguns poucos que avançam sem enxergar bem o caminho.

Tiraram-nos o que a natureza através dos tempos nos doou, e nós em nome dessa modernidade lhe renegamos ao favor que lhe é devido.

Bem, deixemos essas lamurias já tão batida, sem que nada se faça no intuito de corrigir os desvios causadores dessas mudanças na natureza e por conseqüência no homem, e, adentremos na linha de raciocínio que eu pude me envolver, durante todo o meu percurso pela orla da princesinha do mar.

Mergulhado em meus pensamentos, buscando compreender um pouco mais sobre nós mesmos, os seres humanos, o homo sapiens, o dono do mundo, o indecifrável homem, pela compreensão do próprio homem.

Costumamos nós os humanos, ver o outro através da nossa própria conduta, seja essa, em conformidade com os valores sociais, econômicos ou religiosos, daquele que faz o juízo de outrem, para um outro. Para nos tornarmos um pouco melhor, bastar-nos-ia aceitar a outra pessoa como ela é; compreendendo que essa tem suas diferenças, mas que também tem uma capacidade adaptativa muito grande. Aceitarmos que as outras pessoas têm a liberdade e o direito de ver, falar e pensar diferentemente a nosso respeito é um exercício de autocontrole, e demonstração de receptividade ao outro.

Infelizmente temos o péssimo hábito em achar, que apenas a nós a verdade bafeja. A isso classifico como a pior das inverdades, pois a todos sem exceção, é dado o poder do livre arbítrio, que tanto se pode usar positivamente como negativamente e só, porque em termo da constituição da forma humana, somos todos iguais.

Uma pessoa só se destaca da outra pessoa, quando essa constrói algo de positivo; embora a essa não seja dada o direito ao escárnio das outras pela gloria conquistada. Na verdade se essa conseguiu galgar um degrau a mais na escada da vida, por certo as outras lhe serviram como base para a sua subida.

Mas como fazer para fugirmos dessas tentações próprias e inerentes a todos os seres humanos? Não será fácil para ninguém atingir tamanha compreensão humana. Acredito que só através do autodesenvolvimento humano, poderemos atingir essa ambiciosa meta do homem liberto, das amarras e das vendas do nosso próprio ego.

Mas por que precisamos compreender tanto ao outro, como se fossemos entender a nós mesmos? É muito simples, precisamos ser felizes, porque a felicidade sempre foi, é e será a nossa própria existência, a nossa eterna busca na compreensão do outro, por toda uma vida.

E por que compreender o outro? Porque sempre vamos precisar uns dos outros como testemunha para os nossos feitos; que vão muito alem do querer, da paixão, do desejo... O verdadeiro amor se dá, quando esse outro ratifica a escrita da nossa história.

Rio, 22/08/2009

Feitosa dos Santos