Quem é você afinal? Quem sou eu?
Alguns dias são assim. Não sei o que os fazem ser assim. Talvez a observação de uma trilha de pequenas formigas caminhando laboriosamente em direção a sua morada. Ou a visão de um céu cheio de estrelas minúsculas que sabemos maiúsculas. Ou a percepção dos grãos de areia caindo de uma ampulheta. Penso em você e pergunto: quem é você afinal? Quem sou eu? Alguém disse uma vez que nenhum homem é uma ilha. Não me lembro quem foi, só sei que esse não foi um pensamento que se originou de minha mente. Ele entrou nela e ficou, pois há conforto nessa afirmativa, mas alguns dias, dias como esse de hoje, em que penso exatamente o oposto. Todos os homens são ilhas. Ilhas flutuantes que se chocam umas com as outras, mas sem nunca se ligarem entre si. Um encontro casual apenas. Basta um sopro, uma gota de água, para que a separação ocorra. E as ilhotas humanas se distanciam umas das outras a espera que um novo acaso as uma novamente.
Fico pensando se é possível penetrar na alma do outro, fico pensando se alguém um dia já se aproximou mesmo de longe, como uma sombra, da minha. Fico pensando o quão distante estamos uns dos outros, ou simplesmente um do outro, mais distante do que a distância que nos separa das estrelas. Seria tão bom alcançar as estrelas, tão bom quanto alcançar a realidade do outro. Mas para se alcançar o outro teremos que nos aniquilar assim como seríamos destruídos em uma fração de milésimos de segundo se uma estrela ousássemos alcançar.
Mas nem pensar sobre isso adianta. Alcançar as estrelas, alcançar você. Nessa busca insana e atrevida seremos como um barco a deriva jogado pelas ondas de um lado para outro sem nunca chegar a lugar nenhum, sem nunca alcançar um porto onde se possa parar e chamar de “meu”. Nada é meu. E o único consolo é que também não é seu. E de longe avistaremos o caís, paraíso nunca atingido pela culpa de Adão.
É inútil viver, então? É inútil buscar a fusão, o encontro com o outro, o encontro consigo mesmo? Não sei. Em dias assim, penso que sim. Tudo é inútil, tudo é vão.
Mas assim como a areia que mede o tempo recomeça sempre uma nova medição, dias assim também passam e um sopro divino coloca tudo no lugar. Que importa quem sou eu, que importa quem é você? O que importa é que um dia, fragmentos isolados que somos faremos parte de um todo que suplantará toda inquietação.
Alguns dias são assim. Não sei o que os fazem ser assim. Talvez a observação de uma trilha de pequenas formigas caminhando laboriosamente em direção a sua morada. Ou a visão de um céu cheio de estrelas minúsculas que sabemos maiúsculas. Ou a percepção dos grãos de areia caindo de uma ampulheta. Penso em você e pergunto: quem é você afinal? Quem sou eu? Alguém disse uma vez que nenhum homem é uma ilha. Não me lembro quem foi, só sei que esse não foi um pensamento que se originou de minha mente. Ele entrou nela e ficou, pois há conforto nessa afirmativa, mas alguns dias, dias como esse de hoje, em que penso exatamente o oposto. Todos os homens são ilhas. Ilhas flutuantes que se chocam umas com as outras, mas sem nunca se ligarem entre si. Um encontro casual apenas. Basta um sopro, uma gota de água, para que a separação ocorra. E as ilhotas humanas se distanciam umas das outras a espera que um novo acaso as uma novamente.
Fico pensando se é possível penetrar na alma do outro, fico pensando se alguém um dia já se aproximou mesmo de longe, como uma sombra, da minha. Fico pensando o quão distante estamos uns dos outros, ou simplesmente um do outro, mais distante do que a distância que nos separa das estrelas. Seria tão bom alcançar as estrelas, tão bom quanto alcançar a realidade do outro. Mas para se alcançar o outro teremos que nos aniquilar assim como seríamos destruídos em uma fração de milésimos de segundo se uma estrela ousássemos alcançar.
Mas nem pensar sobre isso adianta. Alcançar as estrelas, alcançar você. Nessa busca insana e atrevida seremos como um barco a deriva jogado pelas ondas de um lado para outro sem nunca chegar a lugar nenhum, sem nunca alcançar um porto onde se possa parar e chamar de “meu”. Nada é meu. E o único consolo é que também não é seu. E de longe avistaremos o caís, paraíso nunca atingido pela culpa de Adão.
É inútil viver, então? É inútil buscar a fusão, o encontro com o outro, o encontro consigo mesmo? Não sei. Em dias assim, penso que sim. Tudo é inútil, tudo é vão.
Mas assim como a areia que mede o tempo recomeça sempre uma nova medição, dias assim também passam e um sopro divino coloca tudo no lugar. Que importa quem sou eu, que importa quem é você? O que importa é que um dia, fragmentos isolados que somos faremos parte de um todo que suplantará toda inquietação.