TEMPLOS DO AMOR NO MERCADO DA FÉ
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Faz tempo que o "Homem" lá de cima pregou: "ama ao próximo como a ti mesmo". "Não desejes para o outro o que não queres para ti". "Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado"... Tudo posto em função do amor o que, em tese, simboliza o perdão e este, por seu turno, enleva a natureza humana falível, pecadora.
A humanidade caminha ha dois mil anos, sob essa égide, ou seja, o perdão. Plantou-se a civilização do amor revolucionariamente, o que rendeu ao seu criador, a própria morte na cruz. Difícil mesmo essa prática, posto que resume em si uma série de outros atributos que requerem muita elevação espiritual, muitas caminhadas na consolidação da fé. Dificilmente podemos separar amor e fé considerando que são valores de muita relatividade, submetidos aos liames culturais. Intelectualizar a fé e o amor, pode nos parecer complexo, mas se cristalizam quando se observa a pouca necessidade de se estabelecer essa correlação na lógica intelectiva. Não que o intelectual não possa praticar o amor em sua fé, ou sua fé com muito amor. Contudo, condicionar a falta de fé e ausência de amor a isto, seria simplista para esses sentimentos superiores que, se assim não fossem não seriam o que são.
Há quem diga até que não acredita em Deus, ou no "deus" que eu acredito ou no que o outro possa crer. Questões, ao nosso ver, de somenos importância diante da profundidade que é construir a civilização do amor. Afinal, a casa do pai tem "várias moradas" e isto nos reforça a crença de que não importa a forma de se chegar a Deus, nem qual melhor forma de amar. Evidente que em nome disto não se pode eleger qualquer coisa, posto que nada que fuja da ética do bem, da virtude, do perdão, da bem aventurança, do servir, poderá se converter em simbologia para sentimentos tão sublimes.
Destarte, inevitável se torna a identificação de tantas correntes de pensamento neste sentido, levando-nos, às vezes, a uma confusão de conceitos. Talvez seja melhor entender tudo no viés da simplicidade e da concretude das ações, pois as coisas da alma e do coração têm suas vertentes concretas no nosso cotidiano. Dito diferente, precisamos amar e demonstrar; exercitar a fé através das práticas cotidianas, pois talvez de nada adiante falar muito de tudo e não dispor de exemplos coadunados com todo um falar, teorizar, contextualizar. "Nem todos aqueles que dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus", pois há os que só sabem pregar e não se preocupam com a coerência dos seus atos no dia-a-dia.
O amor é transversal. Tem sido um artigo de luxo neste tipo de sociedade em que vivemos, com a sobrepujança do capitalismo selvagem que tudo pensa que pode, que tudo pensa que compra, inclusive o amor. A proliferação do "mercado da fé" é uma realidade tão concreta que já preocupa as autoridades, haja vista as denúncias sobre a Universal do Reino de Deus. Os "produtos" vendidos por esse mercado já denotam falta de Deus e de amor na grande maioria da população, como que se todos estivessem perdidos e se agarram na primeira promessa de salvação. Isto sem contar com a violência que assusta a humanidade e com o preço aviltante de uma vida: "qualquer tostão".
Ora, se a vida está tão banalizada, a consolidação do amor leva um grande freio na consecução dessa prática. Mesmo porque só se aprende amar amando.
Dois mil anos depois de Cristo nesta busca incessante do amor! Pouco progresso, muita violência, muita gente com depressão, muita separação de casais, muitas drogas, muita corrupção nos governos, muitos "muito" nessa sinonímia. Mas não podemos desesperar, pois amar o outro requer elevação, aprendizado, desprendimento material. Isto requer tempo e depuração da própria civilização, mas ficamos tristes diante dessa premissa, pois não é tão difícil entender tão simples lições como "amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado"... Acredito que de fato, isto seja mesmo a prática solidária que, infelizmente, nossa geração da TV Lcd, telefone celular, viagens interplanetárias, nanotecnologia, supersônicos aviões, medicina revolucionária, etc., não foi competente para consolidar. Na verdade amar dá trabalho: não é fácil suportar o outro quando ele não é do nosso jeito; não é fácil perdoar, nem deixar de ser egoísta; não é fácil optar por algo que venha nos incomodar, mesmo que implique no crescimento interior de cada um e, certamente, disseminando a bem aventurança da convivência em paz.
Como na canção popular, "toda forma de amor vale a pena". Ou como no poema de Manuel Bandeira, "tudo vele a pena se a alma não é pequena". Concluímos no aceno antológico de Bandeira, pois quando a alma se apequena tudo o mais se amesquinha. Infelizmente, talvez ainda estejamos nessa fase da alma pequena, haja vista o desamor exposto em cada esquina; a fé vendida a granel no mercado fé-dorento; a violência em grosso dizimando à prestação...
Carlos Sena, dos arre(DORES0) de Boa Viagem, no Recife.
A humanidade caminha ha dois mil anos, sob essa égide, ou seja, o perdão. Plantou-se a civilização do amor revolucionariamente, o que rendeu ao seu criador, a própria morte na cruz. Difícil mesmo essa prática, posto que resume em si uma série de outros atributos que requerem muita elevação espiritual, muitas caminhadas na consolidação da fé. Dificilmente podemos separar amor e fé considerando que são valores de muita relatividade, submetidos aos liames culturais. Intelectualizar a fé e o amor, pode nos parecer complexo, mas se cristalizam quando se observa a pouca necessidade de se estabelecer essa correlação na lógica intelectiva. Não que o intelectual não possa praticar o amor em sua fé, ou sua fé com muito amor. Contudo, condicionar a falta de fé e ausência de amor a isto, seria simplista para esses sentimentos superiores que, se assim não fossem não seriam o que são.
Há quem diga até que não acredita em Deus, ou no "deus" que eu acredito ou no que o outro possa crer. Questões, ao nosso ver, de somenos importância diante da profundidade que é construir a civilização do amor. Afinal, a casa do pai tem "várias moradas" e isto nos reforça a crença de que não importa a forma de se chegar a Deus, nem qual melhor forma de amar. Evidente que em nome disto não se pode eleger qualquer coisa, posto que nada que fuja da ética do bem, da virtude, do perdão, da bem aventurança, do servir, poderá se converter em simbologia para sentimentos tão sublimes.
Destarte, inevitável se torna a identificação de tantas correntes de pensamento neste sentido, levando-nos, às vezes, a uma confusão de conceitos. Talvez seja melhor entender tudo no viés da simplicidade e da concretude das ações, pois as coisas da alma e do coração têm suas vertentes concretas no nosso cotidiano. Dito diferente, precisamos amar e demonstrar; exercitar a fé através das práticas cotidianas, pois talvez de nada adiante falar muito de tudo e não dispor de exemplos coadunados com todo um falar, teorizar, contextualizar. "Nem todos aqueles que dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus", pois há os que só sabem pregar e não se preocupam com a coerência dos seus atos no dia-a-dia.
O amor é transversal. Tem sido um artigo de luxo neste tipo de sociedade em que vivemos, com a sobrepujança do capitalismo selvagem que tudo pensa que pode, que tudo pensa que compra, inclusive o amor. A proliferação do "mercado da fé" é uma realidade tão concreta que já preocupa as autoridades, haja vista as denúncias sobre a Universal do Reino de Deus. Os "produtos" vendidos por esse mercado já denotam falta de Deus e de amor na grande maioria da população, como que se todos estivessem perdidos e se agarram na primeira promessa de salvação. Isto sem contar com a violência que assusta a humanidade e com o preço aviltante de uma vida: "qualquer tostão".
Ora, se a vida está tão banalizada, a consolidação do amor leva um grande freio na consecução dessa prática. Mesmo porque só se aprende amar amando.
Dois mil anos depois de Cristo nesta busca incessante do amor! Pouco progresso, muita violência, muita gente com depressão, muita separação de casais, muitas drogas, muita corrupção nos governos, muitos "muito" nessa sinonímia. Mas não podemos desesperar, pois amar o outro requer elevação, aprendizado, desprendimento material. Isto requer tempo e depuração da própria civilização, mas ficamos tristes diante dessa premissa, pois não é tão difícil entender tão simples lições como "amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado"... Acredito que de fato, isto seja mesmo a prática solidária que, infelizmente, nossa geração da TV Lcd, telefone celular, viagens interplanetárias, nanotecnologia, supersônicos aviões, medicina revolucionária, etc., não foi competente para consolidar. Na verdade amar dá trabalho: não é fácil suportar o outro quando ele não é do nosso jeito; não é fácil perdoar, nem deixar de ser egoísta; não é fácil optar por algo que venha nos incomodar, mesmo que implique no crescimento interior de cada um e, certamente, disseminando a bem aventurança da convivência em paz.
Como na canção popular, "toda forma de amor vale a pena". Ou como no poema de Manuel Bandeira, "tudo vele a pena se a alma não é pequena". Concluímos no aceno antológico de Bandeira, pois quando a alma se apequena tudo o mais se amesquinha. Infelizmente, talvez ainda estejamos nessa fase da alma pequena, haja vista o desamor exposto em cada esquina; a fé vendida a granel no mercado fé-dorento; a violência em grosso dizimando à prestação...
Carlos Sena, dos arre(DORES0) de Boa Viagem, no Recife.