Acordes Alheios

Três acordes alheios tocam em uma tarde muito comum

E o silencio se corta com a doce voz da menina

Ela pausa,se ajeita no chão sujo e recomeça

As pessoas passam sem olha-la

Mas ainda sim, olhando para o chão ela continua

a melodia vulgar sobre um amor já passado

E ela pisca os olhos,como se procurasse dentro de si todo aquele sentimento esquecido

Como se procurasse na canção,a certeza de que o amor do verão passado

ainda pudesse ser considerado amor

Três acordes alheios , me acordam da lucidez de meu café

E eu ,meu deus,que amo até hoje o menino em que primeiro beijei

Que nem o conhecia ,que nem o vi mais

meu primeiro beijo fora medíocre

Assim como todos os outros que o sucederam

A verdade é que essas coisas me dão um pouco de sono,

embora eu não goste de assumir

Amo-o apenas porque fora o único a me tirar pra dançar

Três acordes alheios,se tornam assustadores naquela tarde de sol

E com um susto constatei que meu sentimentalismo perdera toda a capacidade de amar

Pelo menos de amar pessoas da forma como as pessoas belas amam

Só amo enquanto separo o personagem do humano

Amo lembranças,amo imagens,amo apenas a sensação de amar

Três acordes alheios,fazem eu me levantar da cadeira

Enquanto substituo todo o meu amor pelo o da garota

Eu passo e dou-lhe algumas moedas

E com um sorriso ela me responde

“isso esta uma merda”

“é ,sempre esta,”respondo também sorrindo

E foi assim que eu simplesmente vendi minha alma

Pra menina que tocava violão do outro lado da rua