Discurso
Discurso
Faz um discurso sobre a timidez, como quem não quer nada e, timidamente entra no assunto que de fato lhe interessava: Tomar-lhe as mãos e procurar redesenhá-las com os olhos, acompanhando-lhes as finas veias como se fossem trilhas; o dorso das mãos, pois, as palmas ficam por conta das ciganas e dos jogadores de búzios. Continua a falar ininterruptamente e vai esmagando a vontade que ela tem de recusar, sem qualquer chance de concatenar alguma frase de desestímulo; ela que tinha um destino a cumprir ao lado de outra pessoa amada, sente-se entregue à própria sorte; põe-se a imaginar como seria interessante o idílio que se avizinhava; sente que sua tênue resistência se desfaz como um sopro e se entrega ardorosamente. Ao final do fugaz romance diz-lhe que ele nunca mais a veria; ele não perguntou por que? Respondeu docemente – está bem, vai com Deus! Assim, virou-se mais uma página de um livro, burocraticamente. Chego à conclusão de que as mulheres que amam são extremamente frágeis, tendo grande necessidade de ouvir Wagner sempre que possível. Wagner é uma terapia adequada.