SER OU NÃO SER (2)
Existe um tempo na vida em que os nossos desejos mais íntimos são realizados como que por encanto. Eles acontecem sutilmente e nem mesmo estão claramente formulados na nossa mente. Ficam escondidos como que sob um véu e parece que um poder misterioso os espiona, descobrindo-os e realizando-os.
(Li em algum que se quisermos ver os nossos desejos realizados, devemos escondê-los. Guardá-los em lugar oculto do nosso ser, não colocar sentinela nesse lugar escondido, assim o poder divino, que tudo alcança, os vê e os realiza, sem a nossa interferência, a nossa ansiedade, as nossas intenções secundárias.)
Chamo a essa época de tempo da inocência. Na verdade, é um misto de inocência, ignorância e ingenuidade. As coisas apenas se insinuam na alma, não têm a exata formulação. Junte-se a isso a inconseqüência e impulsos da juventude, a falta de definição de limites, uma coragem ditada pelas circunstâncias e vicissitudes da vida.
Depois começamos a racionalizar, planejar, desejar conscientemente e as coisas não acontecem como num passe de mágica. Talvez porque surja o tempo de espera, o contar das horas, a expectativa de concretizar os desejos conforme nosso desígnio.
Então o mundo começa a nos dizer não e a realização de um sim é recebido com certo desgaste, tanto é o esforço na sua conquista. Aprendemos a agradecer as realizações como uma dádiva dos céus.
Fugi um pouco do tema, mas o texto tomou este rumo, o que eu pretendia escrever seguiria outra linha pensamento. Retomarei o fio condutor na próxima vez, se o pensamento deixar.
03/06/2006