Bons tempos...
Bons tempos aqueles. E já não faz tanto tempo assim...
De calçadas livres para pedestres. Ou, para se colocar cadeiras e jogar conversa fora.
De correspondências que chegavam...
De água potável nas torneiras...
De ser, de fato, aprovado no vestibular...
Tempo em que dava tempo de visitar os amigos (pessoalmente)...
De ir até o orelhão, com o bolso cheio de fichas. Valia a pena, porque eles funcionavam...
De criar cachorro, sem dar a ele mais valor que a pessoas...
De votar no político apenas por paixão, sem esperar muito dele e, por isso, sem se decepcionar.
Tempo em que se "matava o tempo" e já não era preciso correr atrás dele...
Tempo de frutas naturais, porque dava pra esperar nascer, crescer e amadurecer.
Hoje é o tempo do instantâneo. A era do macarrãozinho que leva apenas alguns minutos para ficar pronto. Ainda que não se leve em conta
o tempo que passamos num supermercado só para comprá-lo.
É, os tempos são outros... Mas, algumas coisas não mudaram. Apesar de toda modernidade, de caixas eletrônicas em quase toda esquina, de
transações financeiras pelo telefone ou pela internet, ninguém conseguiu acabar, por exemplo, com as velhas filas de banco.
Bons tempos...
Tão bons que bem que poderiam voltar.
Mas, como já dizia o poeta que já se foi há algum tempo: "o tempo não pára".
Só nos resta ligar o computador, acessar a internet, dar uma espiada nos e-mails, nos blogs, nos sites de "relacionamento"
e, se houver tempo, ler, ainda que apressadamente, uma mensagem um tanto saudosista de um já senhor (já me chamam de "seu Milton")
que resolveu escrever sobre o passado. E ainda ter que admitir: "Bem que esse cara tem razão!".