O valor do colar
Autoria de Miguel Angel Montoya e Carmen Elena Sol


(Tradução e adaptação do espanhol por João Nicolau Carvalho)
 
     O discípulo visitou seu mestre e disse:
 
     -- Mestre, sou um trapalhão, não valho nada, não sirvo para nada. Que posso fazer para melhorar, e que as pessoas me valorizem?
 
     Ao que o mestre lhe respondeu:
 
     --No momento não posso te ajudar. Preciso antes vender este colar, e poderás me auxiliar vendendo-o. Depois poderei ajudar-te.
 
     O discípulo aceitou a missão, prestando atenção às determinações do mestre:
 
     --Vende o colar pelo melhor preço que conseguires, pois tenho umas dívidas a resgatar, mas não aceites menos que três moedas de ouro.
 
     Apesar de a aparência do colar não ser atrativa, o discípulo, uma vez no mercado, tratou de vendê-lo.
 
     Todos, no entanto, o gozavam quando mencionava a quantidade de moeda que pedia por aquele colar... Mostrou-o a muita gente, que se ria dele. A melhor oferta que conseguiu foi de três moedas, mas de prata. No entanto, ao recordar que o mestre lhe dissera que não poderia vender por menos de três moedas de ouro, rejeitou a oferta.
 
     Depois de tentar vender o objeto e não conseguir, o discípulo, decepcionado, voltou ao mestre:
 
     -- Mestre, sinto muito, mas o máximo que me ofereceram pelo colar foram três moedas de prata. Creio que não posso enganar ninguém quanto ao seu verdadeiro valor.
 
     O mestre escutou e o refutou:
 
     --Certamente, primeiro deves conhecer o verdadeiro valor da jóia. Te peço que regresses ao povoado e mostres o colar ao joalheiro. Pergunte-lhe seu verdadeiro valor, mas não o vendas, por favor. Primeiro regresse aqui com o colar.
 
     O joalheiro examinou o colar e disse ao discípulo:
 
     -- Diga ao teu mestre que posso dar sessenta moeda de ouro pelo colar, se é que ele tem tanta pressa em vendê-lo..
 
     O discípulo correu entusiasmado ao seu mestre para informá-lo da quantidade de moeda que oferecia o joalheiro.
 
     O mestre, sorrindo, ouviu o discípulo, e replicou:
 
     -- Eras como este colar: uma jóia valiosa e única, só que desconhecias o teu verdadeiro valor. Somos nós mesmos quem devemos descobrir quanto valemos. Pretender que os outros o façam é um erro.
 
     Dizendo isso, o mestre guardou o colar, enquanto o discípulo, feliz, o corpo erguido, um novo caminhar, se distanciava.
ANGELICA ARANTES
Enviado por ANGELICA ARANTES em 03/07/2009
Reeditado em 03/07/2009
Código do texto: T1679975
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