Michael Jackson
Antigamente, os ídolos morriam mais tarde. Ou sequer morriam. Havia o mistério permanente e muito o que guardar; isso lhes dava uma vida extra. Do meu tempo de menina para cá, tudo mudou. Não sei se tive ídolos ou se os tenho; definir "ídolo" é bem complicado pra alguém feito eu, inconstante e eclética em todos os sentidos. Não sou exata, não me prendo a rótulos, mas estudo atentamente aqueles que de alguma forma me fazem sentir as coisas fora do normal. E o que é normal pra mim pode não ser pra outros. Fechei o círculo!
O que julgam não tem fundamento. Morrer em idade alguma deveria ser "parte da vida"; faz mal ficar sem ver a pessoa que nos fazia feliz pelo que oferecia e representava; apaga as luzes de um sonho embalado desde a adolescência e interrompido de maneira estúpida assim. Especula-se de todos os lados e deixa-se de falar o mais simples de tudo e indubitável: Faltou-lhe um amor, uma vida real e concomitante a sua. Não duvido disso em tempo algum. Alguém que sentisse e fizesse sentir o maior dos sentimentos, dividisse as horas, os méritos, as dúvidas, o prazer, os dissabores e o fizesse saber da existência de sua força somada e abundante para superar e "digerir" o que vinha com o sucesso. Porque ninguém duvide que aquela vida, aquele ser humano era totalmente comprometido com uma infância injustamente subjulgada, desperdiçada, aniquilada em nome da fama, da ânsia de poder e dos objetivos ambiciosos de um adulto insano. A criança parte embalada por algum adulto, segue direcionada, não sabe o que acontece na maioria das vezes. É atirada ao mundo adulto precocemente e quando se da conta do que lhe falta e é tão natural, já não há tempo pra retornar. Então, o mundo cobra as consequências e forma-se um círculo vicioso. Quando o talento é desenvolvido e vem a tona em meio a uma estrutura familiar saudável, é muito melhor sucedido e poucos transtornos alcançam a criança. Do contrário acaba assim de modo grosseiro a prejudicar uma vida inteira. A "máquina" é rápida, absorve muito e exige cada vez mais. O mercado muda num piscar de olhos e a fama vem na velocidade da luz. Uma avalanche de acontecimentos soma-se ao enfraquecimento se não há respaldo, amparo verdadeiro e Deus cima de tudo. Não me importo com o que de fato aconteceu. A morte, que não me parece tão súbita assim, resolveu por si o final de uma história pautada em sucesso e solidão. Tantas coisas que teriam solução simples e promissora acabaram se transformando em acúmulo de problemas em constância ininterrupta.
Acompanhei a trajetória deste moço, tenho boas e gratas lembranças do tempo em que embalava minhas noites de "discoteca" e namoros furtivos na varanda. Sempre tinha uma música pra dançar sozinha no quarto ou chorar a ausência de alguém. Agora eu choro com a mesma saudade e ouvindo a mesma canção "Ben" que eu eternizei em meu coração. Não critiquem, não julguem sem conhecer toda a história, que aliás, jamais o saberão; ainda que se faça uma biografia, existam pessoas que contem fatos, jamais se saberá tudo da forma correta e verdadeira de uma pessoa que apesar de tudo, transbordava doçura. Isto somente a pessoa o sabe, a cada um pertence a própria verdade e história e ninguém explicita tudo de maneira sincera o tempo todo. Muitas vezes, somos levados mesmo a ocultar para não expor ou machucar outras pessoas. Assim quero crer e prefiro amar o ser humano pelo que me acrescenta, não pelo que faz ou deveria fazer. Ao mundo cada vez mais exigente daqueles que fazem e acontecem, apenas ensurdeço diante de calúnias e prepotências e troco agora o "Ben" por Michael. Simples assim. A frase que eu criei e que mais gosto de repetir é a mesma que engrandece meu perfil: Enxergo pessoas, não problemas. Saudade, saudade, saudade!!!
O abraço com asas de um Anjo para todos!