UM SONHADOR A MAIS?
Não vou falar da morte de Michael Jackson. Quero, a despeito de toda controvérsia em torno de sua vida pessoal, lembrá-lo ainda menino, cantando junto aos irmãos no Jackson Five. Prefiro lembrar sua música, dança e arte. E é com ela que meu pensamento agora embala em outra lembrança...
Há alguns anos atrás, assisti um documentário onde John Lennon revelava as circunstâncias em que Yoko Ono apareceu em sua vida.
Lennon recebeu o convite e foi à exposição da artista plástica, com quem se casaria mais tarde. Segundo ele conta, estava cansado de tanta hostilidade no mundo e na própria arte repleta de denúncias em obras contundentes e ferozes.
Uma das instalações de Yoko Ono consistia numa escada em caracol até o teto. Para interagir com a obra da artista plástica, a pessoa deveria subir os degraus e ao chegar no topo, uma lupa, pendurada por um fio transparente, estaria ali para possibilitar a leitura da mensagem escrita no teto em letras milimétricas.
John Lennon, a contragosto e cansado, subiu os degraus imaginando que seria obrigado a ler algo grosseiro, como um palavrão ou uma frase qualquer, aumentando seu desencanto com a vida.
Yoko Ono surprendeu ao contrariar o que seria esperado dela.
Lá em cima, estava escrito: "Yes". Sim.
Diante de tantos "nãos" e recusas da vida, injustiças e atrocidades, covardias e massacres, alguém lembrou-se de dizer: sim.
Isso me fez pensar se digo tantos "sim" quanto gostaria aos outros e a mim mesma.
E percebo que não.
Por isso, esta crônica.
E este sim.
(*) Imagem: Google
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