ESPECIALÍSSIMOS
Eu batizei de “Sobatpé”, a Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia de Pé e Tornozelo. Vi um anúncio de um congresso desses especialistas outro dia no sul do Brasil e fiquei mais espantado ainda com o ponto em que chegamos. A especialização na medicina está atingindo tal nível de minúcia que, (suspeito) daqui a pouco vamos ter que marcar uma consulta com especialiasta em só ouvir ou só ver, que nos encaminhará para o outro que não viu ou não ouviu, daí para o que só faz exames. Esse, localizando o motivo da dor, aí sim, enviará para o especialista em dor (naquele local específico). Que por sua vez não saberá fazer nenhuma relação com qualquer outra parte de nosso corpo, se por acaso a dor tiver se espalhado. Será um caso para uma junta médica.
A minha implicância é com o descolamento (não da retina) do conhecimento integral a que estamos sendo encaminhados. Um dos motivos da felicidade e da auto-estima elevada do homem sempre foi com o trabalho. Ter o conhecimento de todo o processo daquilo que ele produz, de onde sai a matéria prima para seu produto até ele chegar ao seu final, pode não parecer mas produz uma satisfação interior, um sensação de realização plena (assim como a recompensa também, claro).
Estamos vivendo num absoluto desligamento das partes que compõem o conhecimento que dá até medo (desculpem o exemplo, mas ele pode tirar a gente de circulação) de daqui a pouco algum médico mais afoito, diante de uma falta de noção de causa e conseqüência nos dizer: vamos ter que tirar isso aqui para ver no que dá, se não der, a gente coloca outro depois.