Em 300 palavras: A Alcácer-Quibir de Muricy
Por que precisamos sempre nomear uma única pessoa pelo sucesso ou insucesso de alguma coisa? No futebol temos heróis e vilões todos os finais de semana. A bola da vez é o técnico Muricy Ramalho, recém demitido do São Paulo Futebol Clube e culpado por ser desclassificado do Campeonato Paulista e da Libertadores.
Tenho comigo que isso se dá, talvez, pela herança de nossa colonização portuguesa, o português é um povo saudoso e messiânico. O messianismo português está centrada na figura de Dom Sebastião, rei que liderava o exército luso e desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, foi, e é esperado ainda hoje por alguns, para conduzir o povo português rumo ao Quinto Império. Jesus Cristo é o Messias do povo cristão, existem até algumas placas dizendo: Jesus está chegando ...
O mais interessante que essa “filosofia” acaba por influenciar todos os setores de nossa vida, esperamos sempre alguém para resolver os problemas, um salvador, que pode ser um prefeito, um governador ou um presidente, na época de eleição isso fica nítido, quando percebemos como o povo defende seus candidatos, ou nas manifestações calorosas e regadas à lágrimas como foram de Lula e de Obama, recentemente, mas pode ser um empresário que vai resolver os problemas financeiros de uma empresa, pode ser um homem para resolver os problemas de uma mulher ou vice-versa e assim por diante.
Acho que isso é o maior problema brasileiro, por que quando ficamos à espera de um salvador para limpar a nossa bagunça, esquecemo-nos que os problemas pode ser resolvido por nós mesmos.
No futebol esse messianismo, me parece, mais forte, até da imprensa especializada, espera-se sempre um Dom Sebastião travestido, principalmente, de outras faces: Romário, Ronaldo, Kaká, Robinho, Parreira, Felipão, Muricy Ramalho, e por que não Ricardo Gomes?