Velhas malandragens e equívocos nos direitos autorais - comentário (Dalmi).

Velhas malandragens e equívocos nos direitos autorais - comentário de um caso, na música (Dalmi).

A malandragem em relação aos direitos autorais no mundo da música é coisa antiga, mas há sempre uma uma surpresa, nesse sentido. Muita gente já se meteu nesse rolo em relação a direitos autorais, acusados de plágio ou, de surrupiar a obra de outrem, no Brasil e, no mundo todo. Disso, nem Roberto Carlos escapou.

E nessa prática estão incluídos desde o artista em busca da fama até o musicólogo.

Lá pelos meus vinte anos, como gostava demais de música, aceitei um convite para participar de um coral, cujo repertório se baseava na música folclórica. Pois bem, começamos os ensaios pelo basicão, isto é, músicas de melodias mais simples e, fáceis de cantar, tais como "Peixe vivo", "Tiziu", "Alecrim" e outras assim.

Na terceira semana, o maestro trouxe mais uma música para o ensaio e anunciou que fora uma peça que ele mesmo havia recolhido do "folclore goiano". Pelo título já adivinhava, mas quando a música foi executada pela pianista, não tive dúvidas de que se tratava da mesma "Chapéu de Palha" gravada, ora, ora!, alvarenga e Ranchinho.

Na mesma hora, fui até ele e, lhe disse que aquela música estava num disco gravada por Rolando Boldrin e, gravada com a participação de um dos autores, Ranchinho, que ainda era vivo.

Ele negou, fechou a cara e, me deixou falando sozinho, claro. A pianista, uma senhora muito gentil, assistiu o diálogo olhando de soslaio e, no fim, dirigiu-me um olhar de espanto. Mas, ficou por isso mesmo; o coral ensaio a música recolhida pelo respeitável maestro e musicólogo que nos regia.

Esta semana, vi uma famosa dupla sertaneja (Cézar e Paulinho, se não me engano) interpretando num famoso programa de televisão, uma música de um compositor goiano Sinval, que fazia dupla com Dalmi, chamada "Feliz Aniversário", que, entendo, é muito superior ao "Parabéns", canção meio tatibi-tati e, aculturada.

Dalmi, agora tem o direito de todo o repertório da dupla, quando ficou sabendo, apenas disse consternado que, recebe os direitos autorais de muitas das músicas da dupla, que foram regravadas, mas que acontecia bastante das gravadoras darem o cano nos compositores, registrando a música como "de domínio público" ou, truques parecidos. Pena, porque a dupla em questão é boa de vendas e, esse dinheiro seria bem vindo para ele, um desses bandeirantes da música rural.

Depois disso, prestei mais atenção nesse assunto. Ouvindo nesse fim de semana uma coletânea de músicas de um respeitado cantor e compositor goiano, João Caetano, fiquei desconfiado de uma canção à qual ele atribuiu domínio público e, que se chama "Peão Vira Mundo" - gravada com a participação de seu primo Ivan Lins.

O negócio é o seguinte: o encadeamento dos versos, certas palavras e, descrições de indumentária (termos como "nó lenço", "floresta", "fandango", "bota", que não não muito comuns em composições de gente da gleba), não parecem ser coisa do centro-oeste - mas, podem muito bem ser coisa que chegou por aqui, vinda do sul, pela boca de tropeiros ou boadeiros...

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