A Crônica do Santo
Aqui de cima pode ser um tanto vertiginoso. Embaixo também pode ser. Vejo muito bem apesar de minha posição e minha visão fragmentada de mais de quinhentos anos. Pelo menos, se é que todos duvidam, ainda posso ver as fogueiras como pequenos vaga-lumes voando no céu desse treze de junho.
Tem gente arrumada pelo que posso ver. Gente que sorri segurando espigas de milho. Gente pulando a fogueira em todos os lugares - do Planalto Central até o sertão central do Ceará.
Gente de jeito simples e gente que imita esse jeito. Qualquer santo de vista de quinhentos anos sabe: simplicidade vem de dentro pra fora e não ao contrário.
De quando em vez pego alguém chorando. O que foi? Não gosta da festa? Pois está parecendo que sim... Meus amigos santos de mesmo mês não gostam de ver alguém chorar em meio da alegria. Estar vivo não é suficiente? Sorria!
Volta a pular a festa. Volta a festejar sob as banderinhas coloridas. Sob as vestes remendadas. Sob a noite estrelada que o céu permite ter. Vocês, aí de baixo, merecem ser felizes, mesmo que nem tudo ajude nisso... A noite é de festa.
Mas por favor: não me pedurem mais de cabeça pra baixo dentro de uma cacimba d'água... Isso dá uma enxaqueca dos infernos...