S.O.S ÁGUA, S.O.S VIDA© - 5 de Junho - Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente.
“O animal só sobrevive sem água se estiver empalhado.”
Alguém me mandou esta frase, via internet, em meio a tantas outras, dizendo que foi tirada de alguma prova, não sei de que escola ou de que matéria. Sei que ri bastante, e as pessoas a quem mostrei, também.
Por várias vezes, lembrei-me dela e do espírito brincalhão ou ignorante de quem a escreveu. E ri de novo. Sozinha.
Por vários dias, lembrei-me dela. Pensativa.
Havia algo latente que me atraía, que eu desconhecia, que não entendia: a verdade que ela contém.
Somos, em nosso corpo, mais de 70% de água. Sem nos alimentarmos, podemos passar dias. Mas sem água, não. Sem água, morremos.
A água é a vida do planeta Terra, na forma e perfil em que se mostra e manifesta sua natureza e criaturas, assim como o é para nosso corpo.
E o que estamos fazendo com nossa água?
Estamos matando as suas nascentes com contínuos e danosos desmatamentos e incêndios, muitos dos quais criminosos; estamos envenenando o lençol subterrâneo com os agrotóxicos que jogamos nos rios e na terra a guisa de obter melhor produção.
Nas cidades, estamos canalizando ou aterrando as minas de água, para termos mais espaços para construirmos mais moradias e fábricas.
Tapamos a terra porque produz pó, estraga nossos carros, vira lama se chove e muitas vezes nos impede de sair. Nossas crianças e roupas e casas ficam imundas. E, assim, cimentamos os passeios, asfaltamos as ruas.
A chuva, quando cai, já vem poluída e lava a sujeira do asfalto, do betume, da combustão dos motores dos veículos automotores, do lixo doméstico e tóxico, por exemplo as pilhas que jogamos nas ruas, da poluição das fábricas que se assenta nas árvores, nos telhados, nas ruas, por todos os cantos – quando não despejados diretamente nos rios.
A chuva forma um caudal que adentra os bueiros que são lixeiras urbanas e vivem entupidos muitas vezes de plásticos e que vão dar em algum rio, depositando em seu leito a sujeira, misturando-se às águas que é o habitat dos peixes que nos alimentam. Rio que vai banhar áreas cultiváveis de uso humano ou de animais domésticos e selvagens e abastecer reservatórios de água potável. Água esta que vai penetrar no solo, contaminá-lo e ao lençol freático a que tiver acesso.
Certamente, um dia, esta coisa que continuamos a chamar água vai subir contaminando o entorno da nascente, os campos com seus produtos e os animais que nos alimentarão, e os que vivem em liberdade, os reservatórios que tratarão a água com produtos químicos para a coisa virar água que vamos beber. Num ciclo ininterrupto.
A chuva não tem onde escoar nas cidades e não abastece os lençóis freáticos, fato que acabará levando estas cidades e arredores a se transformarem em possíveis desertos e desaparecer ou diminuir o fluxo de água dos rios regionais e afetar aqueles de que são afluentes.
A chuva cada dia perde seu valor na cadeia de manutenção da vida. Poluída, até ser tratada, depois de misturada a outros elementos – terra e água, fauna e flora contaminados-, será mais um agente destruidor e modificador da vida.
Os rios e os mares são ainda poluídos por outras formas de destruição: os lixos atômicos e os derramamentos de petróleo e outras formas que existem e fogem ao meu saber.
Que será do planeta Terra? Que será da fauna e da flora? Que será da Humanidade?
O nosso maior bem, a ÁGUA, estamos destruindo e não fazemos nada para evitar. Sabemos das consequências, de quase todas elas, mas deixamos os problemas para as gerações futuras, para quando começarem a surgir. Talvez, a ilusão de encontrarmos um planeta semelhante, para dilapidar como fazemos com este, deixe-nos tranquilos.
Vemos alguns órgãos governamentais, ONGS e outros movimentos e segmentos preocupados com o destino da humanidade, lutando em vão contra o espírito predador do homem. Não mais tanto dele contra ele mesmo. Mas dele contra o Planeta.
E este milênio é o que mais sofrerá com isto. O desenvolvimento tecnológico acelerado e desenfreado deste último século mudou totalmente o perfil do planeta, quiçá do espaço sideral, em que nos aventuramos; transformou todas as relações da cadeia alimentar, desestruturou todos os ecossistemas existentes. Mexeu com toda a genética dos seres vivos. E a água é o que mais dano sofreu.
Fala-se em racionamento. No fim da água potável. A água não é um recurso renovável. O destino da água como vem sendo cuidado é um só: ACABAR. Já estamos acabando com as riquezas que mantém alguns povos no ápice, já estamos desmatando à saturação todos os locais possíveis para ocupação humana de moradia e parques produtivos, sejam industriais ou hortigranjeiros, rebanhos ou outros.
Atualmente, onde há recursos hídricos, há os olhos de cobiça de todos os povos. É a luta pela sobrevivência. Mas não a tomada de consciência para buscar soluções, já que, reverter o processo, é impossível. Continuamos predadores.
É certo que as guerras neste milênio serão para dominar estes lugares, ter a posse da água.
Projetamos, mas não podemos precisar realmente o que acontecerá com as gerações futuras, se não se der um basta, se não pararmos para cuidar do planeta que eles herdarão e até do padrão genético que lhes estamos deixando, pois não sabemos que danos nós estamos nos causando e as suas consequências.
Nestes milhares de anos, temos visto no mundo inteiro tantas espécies serem exterminadas, viverem em fotografias, desenhos, pinturas, fósseis em museus, empalhadas, ou registradas na história como ter possivelmente existido.
Talvez, aquela frase brincalhona seja um aviso, um aviso para cuidarmos do nosso planeta, para que a água se torne abundante e limpa, para que a vida se mantenha. Para que não precisemos nos empalhar, para que, em algum futuro, alguma outra raça descubra os espécimes humanos, e possa saber como fomos. Queremos sobreviver como raça, como povo, não como objetos de acervo histórico ou de adorno, como muitos que fazemos dos animais “ditos” selvagens.
A hora é agora. Hora de nos conscientizarmos e mostrarmos amor e respeito a Terra e aos nossos descendentes e, quem sabe, resgatarmos os nossos próprios valores.
É hora de salvarmos a ÁGUA.
De lançarmos um S.O.S ÁGUA, S.O.S VIDA!
Angela Togeiro
Embaixadora Universal da Paz - CUEP-Suisse/France
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