tragédia profissional

TRAGÉDIA PROFISSIONAL

O Filosofo Alemão Friedrich Engels escreveu em seu livro O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em homem, lá nos longinquos anos de 1876. Que o trabalho é a condição basica e fundamental de toda a vida humana, e analisa os passos evolutivos dos macacos antropomorfos, dizendo que primeiro foi o trabalho e depois dele e com ele a palavra articulada os dois principais estimulos sob os quais o cerébro do macaco foi gradualmente se transformando em humano, Até se fazer homem pensante, porém hoje vive um estágio primitivo de uma disputa imposta pelo sistema capitalista, que lhe direciona cada passo da sua atribulada vida de dependência. Seu Zé de Cidonio trabalhava em uma fábrica sob as bençãos do Regime Celetista, fazendo 08 horas diárias tudo muito legal nos papéis, porém na realidade o patrão queria que fizesse 12 hs sempre lembrando que o mundo vivia uma crise, os que não aceitassem aquele "acordo" poderiam procurar outro emprego. Seu Zé nunca leu Karl Marx e desconhecia completamente a lei da Mais Valia, achando que o que fazia ainda era pouco, trabalhava e trabalhava sob as palavras malditas de um chefe que nunca soube ser lider, seu medo de demissão era tão grande que ele puxava o saco, achando que assim estaria efetivado no seu labor, ledo engano!. Quando finalizava suas atividades ia para a sala do carrasco entregar os colegas, ainda na singela intuição de acumular créditos e uma promoção não tardia, pegava equipamentos pesadissimos sem pedir ajuda a ninguem apenas para mostrar que era insubstituível. De duas horas de almoço fazia metade e incitava a cortar dos outros também, dizendo que uma hora era suficiente. Mas o tempo foi passando e a carga dos dias foi chegando, as doenças ocupacionais resultados de esforços repetitivos dando sinais em um corpo que não se educou, com a profilaxia Marxista de valorização do seu profissionalismo. Seu Zé teve um subito aumento de Pressão Arterial, ao fazer mais exames constatou aumento do ácido úrico, e o incômodo nas costas que a tempos lhe desatinava em dor era hernia de disco. Zé rasgou o atestado e continuou trabalhando ignorando as ordens para o repouso com o intuito de agradar o patrão, um dia sentiu uma tonteira e desmaiou, a hipertensão ignorada só pôde ser controlada com o internamento por tempo indeterminado, enquanto estava no leito o trabalhador romântico esperava que o seu patrão viesse visitá-lo, abriam-se as portas para o horário de visitas e ele não vinha. A decepção estava por vir, após a alta hospitalar o pobre Zé descobriu que estava demitido por incapacidade de desempenhar as funções atribuidas. No Sindicato conseguiu provar que adoecera no trabalho e foi readmitido, com a autoestima abaixo do chão, foi surgindo outras hernias de disco, sendo o unico caminho as mão de um cirurgião, que no ato do procedimento estava preocupado em perder seu casamento, pois sua mulher descobriu seu caso com uma Enfermeira, com isto esqueceu uma gase dentro do paciente e costurou , Zé conseguiu entrar com os papéis no INSS e após receber a primeira diafa, foi internado em estado grave com uma infecção generalizada, no mesmo dia as 18 hs e 30 minutos exatamente a hora em que ele deixava a fábrica que trabalhou por mais de duas decadas, sonhando em se aposentar e descansar numa casinha no alto da serra no meio do mato, com o cheiro da natureza perfumando os dias. Exatamente naquela hora seu Zé de Cidonio faleceu aos 52 anos de idade e 22 de serviços prestados e contribuição paga aos cofres do governo. No atestado de óbito estava escrito Septicemia, e mais nada. Na fábrica os colegas lembraram do profissional dedicado mas também do puxa-saco do chefe, que mandou se desculpar por não ir ao velório alegando excesso de trabalho. No outro dia enquanto o caixão desce a cova, outro Zé é admitido para a mesma função.