DE POESIA E HISTÓRIA

A poesia é o espírito da humanidade e acompanhará

o homem pelo Sempre do Sempre.

O poeta José Pedro Machado, autor de um bem sucedido livro de pensamentos que intitulou simpaticamente de "Fala, Coração", é Presidente da Casa do Poeta em Alagoínhas e Diretor de Eventos da Casa do Poeta Brasileiro em Salvador. Anda, neste momento, ativamente voltado para o trabalho de organização de uma academia de letras na terra de Maria Feijó, a grande poetisa alagoinhense que o Eterno levou recentemente e cuja memória, o Brasil amante das musas há de guardar no seu calendário. Ora viva! Viva o poeta! Viva a Poesia!

Pedro Machado, como assim, gosta de ser chamado o José, traz novo livro aos seus leitores. E tem um vôo ainda mais alto que o anterior. "Salvador Poética..." é o seu novo título. Canta com o engenho e arte de Camões - e enquanto canta conta a história - , a velha São Salvador de Tomé de Souza. Abre o livro com uma glosa de louvação em trovas, apoiada no mote:

"Salvador de meus encantos,

Doce e belo amanhecer;

Terra de Todos os Santos

És vida, luz e prazer!"

E vai, a partir daí, cantando em quadras e sextilhas – versos metrificados de muito bom gosto – as igrejas e os terreiros, os museus, os monumentos, as festas populares, as praias, as ruas e praças, vielas de antigamente. Anda a seguir pelas ilhas e pelo recôncavo, onde lá estão destacados Itaparica, Cachoeira e Santo Amaro em seu heroísmo e sua devoção. Vai à Linha Verde e caminha até bem longe, vê as belas dunas de Mangue Seco, que ofereceram encanto e amor a Tieta do Agreste e seu amado Jorge Amado. Volta a Salvador para fechar o livro cantando os pombos da Praça Municipal no seu vôo coreográfico em frente à imponência do Elevador Lacerda e do Palácio Rio Branco.

Para bem dizer, o Pedro Machado reconta a história da antigüidade baiana enquanto canta as nossas belezas em um livro para a leitura de quem ama a Bahia e de quem vem a estas plagas de amores e segredos em viagem de turismo. Cantar Salvador mais belo que isso, só vi em Maria Feijó – BAHIA DE TODOS OS MEUS SONHOS. Ora Senhor, Viva a Bahia! A Bahia de todos os amores e toda a poesia, de toda a felicidade, de Todos os Santos!

DE POESIA E HISTÓRIA

29-07-01

Ao José Pedro Machado

O José Pedro Machado

Deu-se de contar a história

De Salvador do passado

Em quadras, e de memória.

Fala também em sextilhas

De mares, marés e ilhas,

Navegação, cabotagem.

Trabalha seguro o metro,

E firme, empunhando o cetro

Da Barra à Boa Viagem.

Abre o trabalho num canto

Singelo, de oração,

Glosando santo por santo,

Os santos da devoção.

Canta as igrejas e eventos,

As praças, os monumentos

As festas, ruas, vielas.

Abre um espaço ao turismo

No seu cantante lirismo,

Qual se pintasse aquarelas.

Canta praias, coqueirais,

Da Ribeira a Itapoã,

Os sonhos, os Carnavais,

Janaína, Exu, Iansã.

Canta as ilhas da enseada,

Frades, Medo - ilha encantada -,

Dizendo dos seus segredos.

Itaparica, Maré.

E a força do candomblé

Canta seguro e sem medos.

Um a um canta os Terreiros

Tradicionais da Bahia,

Onde vêem os brasileiros

Força e poder de magia.

A África, aqui, é um valor

- Bahia, São Salvador!

Engenho, trabalho e brio

Que só entende quem ama.

Fogo, luz, amor e chama,

Dengo, mulata, amavio!

Caminha na Linha Verde,

O firme versejador.

No caminho não se perde

De retorno a Salvador.

Chega do Norte e descansa,

Retoma em seguida a andança

Nos caminhos da poética.

Toma fôlego respira,

Dedilhando sua lira

Seguro na dialética.

Ao recôncavo, afinal,

Chega o poeta e a história

Tem fecho num ritual

De primor na oratória.

Salve Zé Pedro Machado!

Livre canta, é encantado

Adorador da poesia.

Pelo que é, e a que veio,

Tem nota dez no torneio

Do sonho, da fantasia.

30-07-01