OLHA NOS MEUS OLHOS, MENINO!
OLHA NOS MEUS OLHOS, MENINO!
Marília L. Paixão
Hoje eles estão sossegados. O sol está mais forte que as notícias dos jornais e o amor não morre nem nas Cordilheiras dos Andes.
Se perguntar pelo meu primeiro pensamento do dia basta lembrar que sou uma mulher e outro dia li que entre as que mais gastavam com a beleza, estavam Madonna, Jennifer Aniston, Kate Winslet e não sei mais quantas... Mas eu não estava lá. Só dou minha chegadinha no espelho e encaro a realidade com uma forte xícara de café e como consolo. converso sorrindo com o tempo.
Quer saber de mais? Só vão cobrar imposto sobre poupança acima de 50 mil. Também não entro nesta bolada! Se eu entrasse já tinha tirado de lá e trocado de carro. Quem diria que uma vez na vida e outra na morte ser pobre tem suas vantagens.
Este papo me lembrou do filme A DANÇA DAS PAIXÕES com Meryl Streep, onde o filme mostra tantos belos nostálgicos momentos de pobreza e tanta ternura. Mesmo quando o pai promete ao filho uma bicicleta que talvez ele nunca possa comprar e o menino diz em agosto para a tia que deseja ganhar no natal um acessório para a bicicleta e ela diz que o Natal está longe e que nem há certeza sobre a existência da bicicleta. Conformado ele se apega na esperança de existir a possibilidade assim como existe a data do Natal. Pois o Natal existe, não existe?
Mas outro momento tocante foi quando o irmão volta para casa doente e ele diz para a irmã: Tanto tempo sem voltar aqui, será que só voltei para morrer? E ela lhe diz tocada pela emoção e pelo desespero: Não, meu irmão. De jeito nenhum. Você não pode morrer. Nós não temos condições nenhuma de enterrá-lo.
Ainda assim o filme segue cheio de doçura. Não é como em filmes brasileiros em que a pobreza provoca certa aversão na gente. Mas deixa estar! Olha nos meus olhos, menino! Eu sou um bom exemplo de um pobre feliz. Em dias assim acordo me sentindo rica.