A Arte da Nossa Lingua
A ARTE DA NOSSA LINGUA
Sou fã declarado da leitura, não tenho dinheiro para as viagens que anseio porém tenho o poder de vagar por entre as páginas, passeando em todos os lugares, sem restrição alguma vou de Kama-Sutra ao Livro Sagrados dos Cristãos, ou do Menino do Dedo Verde á Arte da Guerra, dos Versos Satânicos ao Evangelho Segundo Espiritismo, de Aroldo Pereira a Cora Coralina, Faço tournêes com frequência em tudo que é Sebo que conheço, pratico a Filosofia da longevidade sobre os Livros e não acredito em envelhecimento da obra, mas sim do conhecimento que ela traduz. Neste contexto encontrei outro dia na Kazza do meu amigo Wagner Black um titulo bastante chamativo, tratava-se de "O Preconceito Linguistico" do autor Magnos Bagno, folheei e com a mão cheia de moedas de dez, cinco e vinte e cinco centavos, resultado de um ato delituoso que cometi quando arrombei o porquinho de gesso, que havia comprado por três reais na mão de um garoto explorado pela familía, pois estuda pela manhã e a tarde vende esta obra sem criatividade moldada em casa, sem criatividade que falo pelo fato destes porquinhos terem sempre a mesma cara, mas bem que se tivesse outra cara não seria um porco... adquiri as idéias de Magnos. Que diz que tratar a Lingua é discutir sobre as questôes políticas, já que diz respeito diretamente aos seres humanos, que o preconceito linguistico está ligado em grande parte na confusão que foi criada no curso da história entre lingua e gramática normativa.Que o preconceito linguistico vem sendo alimentado diariamente pelos meios de comunicação que pretendem ensinar o que é certo e o que é errado, lembrando também dos instrumentos tradicionais da lingua como Livros didáticos e a Gramática normativa, o autor lembra que ao citarem o Português como uma unidade surpreendente deixam de lado a diversidade da lingua falada no Brasil, a Escola tentando impor a norma Linguistica com se ela fosse de fato comun a todos os Brasileiros. As diferenças do estatus social representa um abismo da lingua falada como não padrão e aquela chamada norma culta, falada por uma parte pequena da população e ensinada nas escolas.Bagno ainda reforça que é formidável a influência dos meios de Comunicação e da Informatica mas que poderiam ser de grande utilidade para derrubar velhos mitos e falsos conceitos, elevar a auto-estima dos Brasileiros e mostrar como é fascinante a variação da nossa lingua ao invés de apontá-la como um prego no olho, daqueles que sustentam suas particularidades. Para ele é preciso que haja uma revolução social no entendimento desta lingua pois é inadmissível que se continue a pejorativar quem não teve as mesmas condições de educação para o aprendizado das chamadas gramaticas normativas, que autores que tratam aquelas pessoas de matutos, jeca-tatu e capial estão apenas contribuindo para aumentar a exclusão tão combatida nestes dias, uma vez que esta lingua é o traço da cultura do homem. Deve haver consciencia que todo falante nativo de uma lingua é um usuário competente desta lingua, por isso ele sabe esta lingua. Não existe erros de Português existem diferentes regras gramaticais, para as variações necessárias .A lingua permeia tudo que ela nos constitui enquanto seres humanos, nós somos a lingua que falamos, enxergamos o mundo atravez dela.Portanto deve-se valorizar o saber intuitivo e não querer suprimir autoritariamente a sua lingua materna, acusando-a de ser feia ou corrompida, a fala da norma culta tem que ser feita com acréscimo a bagagem linguistica da pessoa e não como substituição de uma lingua considerada errada por uma considerada certa.
Um texto publicado no correio Brasiliense com o titulo Português ou Caipirês? datado de 22/06/96 da Professora Dad Squarisi, escancara este preconceito e deixa mais que evidente o desdém nocivo contra a linguagem informal, segue um trecho : Fiat-Lux e a Luz se fez. Clareou este mundão cheinho de Jeca-Tatus. Á direita, á esquerda á frente á trás só se vê uma paisagem. Caipiras, caipiras e mais caipiras, alguns deslumbrados outros desconfiados. Um - só um iluminado.Pobre peixinho fora d'agua tão longe da Europa, mas tão perto de Paulistas, Cariocas e Maranhenses. Antes tarde do que nunca, a definição do caratér tupiniquim lançou luz sobre um quebra-cabeças que atormenta este país capiau desde o seculo passado. Que lingua nós falamos? . Vale tudo : eu era, tu era, nós era, eles era... E por aí descorre a dissertação aliciada pela fala do assassino do Trem Bahiano Fernando Henrique Cardoso, quando era Presidente do Brasil e gostava de nos apontar como caipiras. Mas Zé de Bello dá sua opinião: viva a lingua oxente, quem quisé corrigi o qui nois fála vai tê muitio trabaio nes trem sô, se a musga falô que nois é jeca mas é jóia, intão vamo Zinabrá pra culá cumpade que a tar Prefessora inspinguelô o juizo! eita diacho!
Adilson Cardoso