O MEU AMOR NÃO SE COMPRA NA FEIRA

Marília L. Paixão

Há pessoas de todos os tipos. Há! Eu não sou de vários tipos. Eu sou um tipo só. E o meu tipo não é daqueles que todos se apaixonam. Para gostar de mim é necessário encontrar algumas delicadezas das minhas nuances. Para desgostar de mim é muito simples. Basta enxergar em mim só a figura comum que pareço ser do lado de fora.

Há os que me amam e há os que não me adoram. Há até os que me detestam por achar que não passo do que eles acham que eles são. Até aqui tudo explicado. Mas e aqueles que tentam conquistar o nosso amor a qualquer preço só para garantirem que são os únicos donos daquele amor e toda a sua flora?

Poupe-me. Já imaginou uma pessoa querendo comprar todos os seus dias? Imagina! Se eu mal me tenho. Se nem eu dou conta de ser completamente dona de mim, pois também pertenço ao meu tempo e espaço e estou ligada a tudo e todos que me rodeiam. Como é que vou gerenciar minhas emoções só por que você deseja ser o dono da minha vida?

Você já me viu em alguma feira vendendo ilusões a preço baratinho? Você já não me ouviu dizer que quando você cair é pra você mesmo limpar o sangue da sua ferida sem ficar lamuriando? Eu não sou sua mãe e nem sua enfermeira de noite e dia. Nem ao meu sapinho eu bajulo que é para não estragar o pobrezinho e impedir dele ser fantástico. Olha como ele me ama e me respeita sem me cobrar nada! Tente aprender com ele!

Não adianta você ficar esperneando e dizer que se pudesse colocaria uns rótulos em mim tipo:

“já tem dono”. Por acaso eu pareço com aquela mulher da novela das oito que quando ela passa toca uma música bem ordinária que diz “você não vale nada, mas eu gosto de você”?

Olhe-se no espelho e me olhe. Eu sou comum e o meu amor não precisa ser comprado. E quanto mais você agir assim, menos dele você terá.

Será que não percebe o tanto que eu me amo? Não me dou barato e nem caro. E não me venderia para você nem se você fosse o último rei da terra. Lembra daquela música dos Doces Bárbaros? " O seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar, livre para amar..."