Apelidos

Hoje parecia mais um dia banal de final de semana, sem ter absolutamente nada pra fazer. Foi então que peguei meu álbum de foto, sabe aquele que na maioria das vezes fica em cima do armário empoeirado e esquecido. Comecei ali recordar da minha infância e dos vários amigos que ao longo do tempo foram se afastando.

Quando relembramos do nosso passado, vêm logo na nossa cabeça todas as travessuras e coisa do gênero, assim como os apelidos que no fim ficam sendo sua marca registrada. Estava olhando minhas fotos com o time de futebol, e cada um ali no time é conhecido com um codinome: Tem o Lucas, popularmente conhecido como orelha de abano, às vezes era chamado de satélite mesmo ou qualquer coisa parecida. O Pedro já era conhecido por bola sete, uma forma carinho de se chamar devido às proporções do seu generoso corpo roliço.

O Antônia se chamava formiga atômica, devido seu tamanho. O meu era nada menos que zoião, às vezes farol de milha e coisas do gênero.

O duro mesmo quando esse apelido sai do grupo e se espalha pela escola inteira; todos começam a te chamar, no começo você custa em relutar, mas não tem jeito o apelido passa a tomar o lugar do seu nome, e quando chega a hora da chamada, uns ficam de cabeça baixa outros ficam ansiosos a espera do seu numero. E por falar em numero, coitado daquele que pega o numero vinte e quatro, é sarro na certa.

Procurava sempre levar na esportiva, até porque se não gostasse do apelido, daí mesmo que ele pegava, ou se você quisesse tirar sarro do outro, não poderia se chatear quando alguém chamasse pelo seu apelido. Isso sempre foi muito polemico, às vezes o sarro era tanto, que sempre um esquentadinho saia na briga, mesmo assim era pura curtição.

Nem mesmo os professores saiam ilesos, tinha a professora Patrícia, por ter seus seios avantajados, era chamada de Fafa de Belém.O professor Nelson era nada menos que fundo de garrafa por ter seus óculos fundos e amarelos de mil e novecentos e nada.É lógico que ficava entre a gente mesmo, pois o respeito tinha que existir, às vezes minha nota baixa achava como um sinal de basta com esses apelidos, mas nem ligava.

Na escola, no trabalho, em casa mesmo entre os familiares. Existem apelidos e apelidos, uns carinhosos, são aqueles que nossa mãe nos chama, que de maneira nenhuma nossos amigos devem ficar sabendo.Outros são aquele de um tio chato, que ele por si só é um apelido ambulante em pessoa, por isso te coloca mais um apelido, para esvaziar um pouco de suas costas, e o pior que fica mesmo.

Tirando todo essa composição que leva em si os apelidos, tem aqueles que ficam e pra sempre ficaram, como no caso Pelé, ou seja, Edison Arantes do Nascimento, o rei do futebol. Não existe um negão que seja bom de bola, que não se passe a chamar de Pelé pelos seus colegas, isso é uma forma de elogio a tamanha grandeza que representa.

É lógico que seu apelido não vai contar em sua carteira de identidade, mas se torna sua própria identidade no resgate de valores simples e de amizades sinceras, de um tempo maravilhoso, glorioso, que hoje recordo por meio do álbum de foto e trago a tona para vocês.

Sandro Sansão
Enviado por Sandro Sansão em 09/05/2009
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