RITA LEE
RITA LEE
Jonatas Stein Ribeiro pintou um belíssimo retrato de Rita Lee alguns anos atrás. A tela figurou na exposição que fizemos em conjunto, eu, ele e a dona Diva Adames, no antigo prédio da Maçonaria, na Rua Rocha Xavier. Meus trabalhos consistiam de retratos em grafite da Xuxa, do Papa Paulo VI e da Fátima Bernardes, entre outros, e de uma tela em óleo do Farol de Itapoã, entrecortado por um mar infinitamente azul. Jonatas, filho do Tenente Germiniano Ribeiro, que conheci em sua loja de materiais de construção da Avenida Francisco Antônio de Souza, era um rapaz educado e de grande talento para as artes. Morreu em meados da década de oitenta, em um acidente de trânsito na Br-163, entre Rondonópolis e Coxim. Seu irmão, Paulo de Tarso, também possui um veio artístico e tornou-se, entre nós, um excelente compositor. Sua música “Roda de Tereré” foi gravada pelo Grupo Zingaro e “Ciúme Bobo” exaustivamente tocada nas Rádios.
Eu morava em Salvador quando o Jonatas morreu. Alguns anos depois, já de volta, fiz uma visita ao Paulo e vi, pela última vez, a tela com o retrato da Rita Lee, num pequeno cômodo da casa em que ele guardava, com carinho, a obra artística do irmão falecido. Jonatas admirava Rita Lee, assim como todos nós, naquela época. A paulistana macérrima, de cabelos vermelhos, óculos redondos de lentes azuis no rosto branco e calça jeans rasgada, empunhando uma guitarra e cantando rock psicodélico era para nós o símbolo da liberdade. Rita Lee surgiu no cenário musical brasileiro em 1968, quando fundou, com Arnaldo Batista e Sérgio Dias, o grupo de rock Os Mutantes, o qual abandonou logo depois, formando, mais tarde, dupla com Roberto de Carvalho, com quem se casou em 1976. Estourou nas paradas em 1979, com “Mania de você” e “Chega Mais”, que foi tema de abertura da telenovela homônima da Rede Globo, escrita por Carlos Eduardo Novaes, tendo no elenco Tony Ramos e Sônia Braga, entre outros. Em 1980 fizeram sucesso “Lança Perfume” e “Baila Comigo”; em 1981, “Saúde” e “Banho de Espuma”; em 1982, “Flagra” e “Cor-de-Rosa choque”; em 1987, “Bwana” e “Pega Rapaz”; em 1990, “Perto do Fogo” e, em 2003, “Balacobaco” e “Amor e Sexo”.
Todo mundo gosta de Rita Lee. Caetano Veloso cantou-a nos versos antológicos de “Sampa”. Cazuza deu-lhe de presente “Perto do Fogo”, que compôs na Fazenda da família, em Petrópolis, no Rio, quando se recuperava de um tratamento contra a AIDS. Roberto Carlos convidou-a para o seu especial de fim de ano, em 2008, rendendo-lhe as devidas homenagens. Enfim, Rita é Rita, figura ímpar na música brasileira. Eu, por mim, um dia retribuirei o bem que seus versos me causaram, ao longo desses anos, pintando-lhe o retrato, em tom menor, porque em maior já está pintado: o do meu saudoso amigo Jonatas.