O Escritor
O escritor sabe que é diferente...
Sabe que sua mente está ameaçada por todos ao seu redor, e assim, anseia e teme a própria insanidade, criando assim os paradoxos que o inspiram.
Sente que seus olhos vêem fantasmas e seus ouvidos reconhecem os lamentos dos anjos, mas se recusa a aceitar que é mais do que um ser comum.
O escritor tem medo de si próprio. Medo de que seus pensamentos o dominem e que o seu coração fale por si.
Ele sente que suas lágrimas queimam tudo o que tocam e, por isso, priva-se da divina capacidade de chorar.
Está entre o divino e o profano, entre o ético e o imoral, entre a realidade e os sonhos. Não é Deus, mas tampouco aspira em ser o diabo; embora em suas linhas silenciosas consiga falar todas as línguas.
Em seu reino é rei e bufão, o cavaleiro e o dragão, a torre e o bispo. O silêncio, o papel e a tinta são a síntese perfeita entre seu feudo e seu tabuleiro; donde cada peça é uma realidade que pode ser mudada, como uma simples jogada.
O escritor é deus de si mesmo. É um anjo sem asas que voa sem saber voar. É o filho de seu mundo e carrasco de seus pensamentos.
O escritor sabe que é diferente... E sabe... Sempre saberá, que não existem limites para as diferenças.
“Escrever com a razão é render-se aos grilhões da realidade”.
“Escrever com o coração é encontrar respostas cegas”.
“Escrever com perfeição é uma utopia”.
Matheus Bueno de Bueno Funfas – 22/04/03