Crônica Ilimitada
Hoje foi um dia simplório na vida de alguém antípoda. O Brasil nasceu de novo nos olhos do índiozinho lá na oca do Xingu. Ele viu as cores vivas da floresta ao seu redor e seu olhar brilhou. Hoje foi um dia qualquer na vida de um turco. Hoje um médico foi ao hospital trabalhar, mas o índiozinho nem sabe de disso. Nem, nem!
Hoje foi um dia calmo em Amsterdan, pelo menos em uma rua. E mesmo assim as estrela revolucionaram e nem notamos, pois nosso olhar estava por várias horas seguidas aqui na Terra. Hoje foi uma dia cheio de coisas novas para um ucraniano que se via cheio de dívidas e agora chora e ri das surpresas. Hoje alguém chorou na Índia por uma criança morta em braços magros. Jaz a vida que se vai e se volta.
Hoje foi um dia corrido em Nova Iorque, pelo menos até as duas da tarde estava assim. Mas alguém resolveu trocar de canal e começar o pânico. Hoje alguém morreu assaltado em Bogotá e deixou uma mulher e dois filhos. Hoje está havendo uma parada pelo orgulho gay em algum lugar do Ceará. As pessoas sorriem e uma mulher chora. Nem toda a crônica precisa ser alegre.
Hoje foi um dia lento para um escritor no Brasil. Ele leu, comeu, bebeu, dormiu e cagou. Tudo na santa paciência de um dia lotado para o mundo cheio de espaços. Espaço suficiente para escrever uma crônica sobre todos que não fazem parte dela.
Hoje um alguém antípoda vai dormir cedo...