UM "KING KONG" DEPOIS DO TITANIC
UM “KING KONG” DEPOIS DO TITANIC
Minha filha mais velha, sua mãe, sua irmã e uma amiga estavam em Jacarezinho, no Paraná, resolvem, numa noite quente daquela região, ir até a cidade de Ourinhos-SP, que fica na divisa dos estados, verem o filme que estava na onda. Titanic. E para lá se foram. Deixaram o fusca branco meio longe do cinema, pois não havia lugar para estacionar. Escolheram a última sessão. Porque a fila estava muito grande em outras sessões. Como Julie, minha filha, já havia visto o filme, comentou com a Marilze, minha mulher:
- O filme é muito triste. Eu e meu marido choramos muito!
Marilze, então se prepara para chorar durante o filme e leva um punhado de lencinhos de papel. Tudo bem, viram o filme, se emocionaram bastante, gostaram da música e dos atores. Só que Marilze diz não ter chorado.
Terminado o filme, o público todo saiu, elas também saíram do cinema e foram até o carro. Quando estavam no carro tiveram vontade de usar o banheiro.
- Vamos voltar para o cinema, lá é mais fácil! – disse uma delas.
E todas concordaram, só Lauren, minha caçulinha, pediu para ficar no carro, pois já estava morrendo de sono. E voltaram as três, Julie, Marilze e Sílvia uma amiga que tinha acompanhado. Chegaram entraram no banheiro que ainda estava aberto e fizeram as necessidades fisiológicas naturalmente. A entrada do banheiro era formada por um corredor estreito, de forma que na saída só cabia uma pessoa. Julie foi na frente. Empurrou a porta e a porta não abriu. Com o pavor provocado pelo filme, gritou:
- Ficamos fechadas!
- Meta o pé na porta! – gritou Marilze, apavorada e gritando por socorro.
- Socorro! – as três gritaram numa única voz.
Julie já mandou um ponta pé na porta. Nada. Marilze tentou subir para uma vidraça que havia acima, com a intenção de pedir socorro para a filha que estava no carro. E a vidraça quebrou. O pavor tomou conta das três. O silêncio, as cenas do filme ainda martelavam suas cabeças, numa mescla de realidade e sonho.
- Será que já fecharam o cinema???? – disse uma delas.
Já estavam quase desistindo quando um quando um funcionário do cinema resolve empurrar a porta e ela se abriu. No sentido contrário por elas desejado. Foi uma pena que o público tivesse ido embora, ninguém viu esta cena, não puderam presenciar o gigantesco “mico”.
Theo Padilha
Joaquim Távora, 1.o de maio de 2009.