A RAZÃO EGOCENTRICA
Acostumamos a presenciar e ouvir ou vivenciar cenas de desapreço entre pessoas, que por mais corriqueiras, que possam parecer, às vezes, percebemos que isso não é tão banal assim, pelo constrangimento ou indignação de visualizar e até mesmo de compreender a falta de amor ao próximo.
Pessoas esquecem que o semelhante, tem sentimentos, brios e sensibilidade capaz de provocar reação adversa no ato ou depois, e, que não é de bom tom, desprezar essa possibilidade reativa.
Certo dia, presenciei uma conversa entre pessoas que se diziam amigos, quando a certa altura do bate papo, um replicou o outro com a expressão: “Eu até concordaria se...”, no que “esse outro de imediato treplicou-o:” “Quem é você para concordar ou deixar de concordar...?”. Pensei cá com os meus botões, no mínimo o que o outro deveria responder era: Julguei eu ser pelo menos seu amigo; um amigo quando verdadeiro amigo serve para nos balancear, naquilo em que não estamos tão seguro assim.
Devemos receber uma opinião sempre com respeito, pois aquele que opina, não está impondo condições; apenas emite seu parecer e o opinado aceita-a ou não. Simples não é mesmo?
Já fui muito mais explosivo do que sou hoje, depois de muitos embates pela vida afora, aprendi nos livros de bons autores, aprendi com a vida e com o tempo, que se alguma coisa está me afetando, arredo o pé da estrada e deixo passar aquilo que pode atravancar minha caminhada e depois retomo o caminho da tão sonhada paz interior.
Entre esses autores de quem falo, está a Marta Medeiros; outro dia lendo sua crônica: “Espírito aberto”, eu não pude deixar de destacar uma grande verdade escrita por ela que diz: “Eu respeito quem traz uma grande dor e não sai espalhando sorrisos à toa, mas me enervo com quem fecha a cara por simples falta de humor...”. Esta é realmente a palavra chave no nosso dia a dia; o humor; falta-nos humor para tudo: no partilhar com as pessoas a nossa caminhada, no acompanhar o sorriso do outro, no respeitar a posição do amigo... Pois só com muito humor podemos andar livre, leve e solto.
Nós humanos deixamos de partilhar e até mesmo em sermos felizes por intransigência nossa, por esquecermos que essa partilha, quando ocorre em mão dupla, tende a trazer benefícios incontestáveis, no amor, no trabalho, na equipe e na vida como um todo, e que o egocentrismo, só nos causa dissabor.
Por vezes, esses embates provocam rupturas irreversíveis, em qualquer meio que ele seja fecundado. Daí o meu simples alerta, para que as pessoas sejam maleáveis uns para com os outros, antes das decisões individuais serem tomadas; uma vez que, se torna mais custoso a reversão de uma posição direcional já tomada unilateralmente. Ao contrário seria, se ela houvesse sido discutida em conjunto e em consenso.
Permita-me a grande cronista Marta Medeiros, encerrar esta crônica, com o encerramento da sua: “Espírito aberto. Caso não tenha recebido gratuitamente na sua herança genética, dá pra desenvolver por si próprio”. E acrescento: se dê a essa chance.
Rio, 26 de abril de 2009
Feitosa dos Santos