O NOVO LEITOR DE MENTES

O NOVO LEITOR DE MENTES

Marília L. Paixão

Acordar com aquela idéia brilhante não era coisa de todas as manhãs. Definitivamente não era. Cheguei logo na janela e gritei usando bem os pulmões:

- Dagger! Mas ele não apareceu. Gritei mais forte ainda usando o sobrenome dele e tudo:

- Dagger Lor! Nada do sapinho aparecer. Veio um passarinho justificar.

- Ele já está vindo. Só precisa terminar uma coisinha e está vindo.

- Ok. Diga a ele para me encontrar na cozinha. Ele pode entrar pela janela, mas que é para bater antes e não pular em cima de mim feito um louco me matando de susto.

Não demorou e ouvi a batidinha na janela enquanto me servia com o café.

- Bom dia querido! Entre e sente-se.

- Na mesa ou na cadeira?

- Pode ser na mesa mesmo, pois o assunto pede olhos nos olhos.

Ele adorou e ficou me olhando com seus enormes olhinhos frente a frente.

-Eu tenho uma missão muito importante para você. – Sim. Respondeu ele como se estivesse prontinho para me servir.

- Preciso que você leia a mente de algumas pessoas. Ele me olhou como quem fosse dar uma gargalhada e para que ele me levasse a sério meus olhos se arregalaram bem dentro dos olhos dele.

- Mente de quais pessoas? Ele perguntou baixinho e já muito preocupado.

Como se passasse uma importante lista secreta do FBI eu respondi num fôlego só:

- Ângela Gurgel, Brigeth de Brigeth, Evelyne Furtado e Maria Fernandes Shu.

- Toda essa gente?! – Sim.

- Mas como é que eu vou conseguir fazer isto?

- Usando sua sapiência mental.

- E o que há de errado com a sua?

- Tudo, Dagger! Nem todo dia minha sabedoria funciona muito bem.

- E como ela está hoje?

- Hoje está ótima! É por isso que eu tive essa idéia.

- Mas e se eu não der conta de ler tudo que passa na cabeça dessas pessoas?! Elas devem pensar muitas coisas.

- Mas é ai que está! Você não precisa ler tudo. Sua missão é só descobrir se elas vão ou não vão participar do desafio das meias.

- Mas e se eu não conseguir?

- Neste caso você descobre que você não vai participar.

- Mas eu já não participei do da chuva.

- É por que era chuva demais para o seu rosto.

- Mas eu estou precisando de meias faz tempo!

- Eu vou comprar um monte de meias com sapinho para você.

Nada parecia consolar o pobrezinho. E sua carinha desolada já começava a partir meu coração. Tentei motivá-lo:

- Sabia que se você conseguir cumprir essa tarefa você será o sapo mais sábio do mundo?!

- Mas eu só quero ser sábio para você.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/04/2009
Reeditado em 23/04/2009
Código do texto: T1554661
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