A RAZÃO DE UMA VIDA

Quando resolvi denominar esta crônica de - A RAZÃO DE UMA VIDA - não quis com isso, dizer que o homem estipule uma meta como limite para sua exploração, reduzindo assim o seu campo de ação criativa. Ao contrário, a razão de uma vida está na capacidade do homem em avaliar e ponderar idéias universais, estabelecendo uma relação lógica de entrelaçamentos e continuidade com a terra, a vida, o amor e a alma humana no seu sentido mais amplo. Por essa razão decidi expor minhas idéias por meios de temas, que de certa forma lembram a cada individuo, fragmentos do seu “eu”, naquilo que lhe é mais comum, ou seja, o sentimento interior do ser humano. Ao me dispor a escrever esta obra, pensei nas diversas maneiras de como poderia construir uma literatura simples e de fácil interpretação para os leitores.

Na medida do possível procurei desenvolver uma linha temática, de modo que o leitor possa extrair a essência dessa obra, numa interação entre o seu corpo e a sua alma; uma comunhão entre o real e o irreal, no cerne da psique humana, falando do homem, da mulher, do amor, da terra, da vida e da alma do ser humano. Tentei mergulhar no intimo do espírito humano, rabiscando explicações para as duvidas inerentes a vida. Dúvidas sempre tão presentes em toda a nossa caminhada terrena, com isso, gostaria de instigar a liberdade e a ousadia contida em cada leitor, para desbravar a força que reside no intimo de cada um de nós, podendo assim, quebrar os grilhões que represam nossos pensamentos, enredados por tabus e preconceitos, vindos de culturas arcaicas, passadas as gerações através dos tempos. Que todos possam vislumbrar e enaltecer as maravilhas da natureza. Contemple o quanto antes as pequenas coisas, que passam quase sempre alheias de nossas vistas, mas que na realidade são essas pequenas coisas, que por vezes determinam as grandes mudanças em nossa existência.

Usando da contemplação, permitam-me falar de como eu vejo a vida, com seus altos e baixos, com o seu tempo preestabelecido mesmo que não haja parâmetros para se prever o verdadeiro período, ou seja, o espaço entre o inicio e o fim de uma vida, e ainda a diferença quando se vive a vida sem esses determinantes em nossa psique.

Como eu gostaria de descrever bem, para os leitores, sobre a beleza do amor, suas nuances e o pouco entendimento entre este e a paixão, quando em jogo se encontram os sentimentos de um homem e uma mulher, o sentimento que pode gerar a felicidade ou o sofrimento; a fuga do homem através do sofrimento e a eterna busca da felicidade.

Mesmo assim, quero e preciso falar um pouco mais a respeito do amor, num sentido amplo, num sentido máximo de afeto, de sentimento profundo, de desejo, de um amor que gera positivismo e construtivismo em qualquer que seja o sentido de abrangência, o amor entre um homem e uma mulher, o amor de pais, amor entre amigos, amor entre irmãos, amor pela vida, pela literatura, um amor sem fim.

Na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, (Capitulo 13: versículos de 4 a 7), ele diz: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso, o amor não se vangloria; não se assoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Esta é para mim uma das mais belas definições dessa palavra tão pequena, mas de um profundo significado para o ser humano.

É preciso ter vida para amar e ser amado. Por isso, escolhi também a vida como tema para os meus escritos. A vida é um indecifrável mistério, que eu não saberia dizer se um dia será este revelado aos homens.

A vida me fascina, pela incerteza de sua existência no amanhã, por isso, muitos autores dizem que essa é um jogo a ser vencido, a cada hora, a cada dia da nossa existência.

A cada instante a vida nos concede a oportunidade de aprimoramento do corpo e da alma, da luz para a treva, assim como, da treva para a luz; de acordo com o momento de receptividade da psique humana.

A vida é para ser vivida. Gostar de viver é além de tudo prolongar o tempo para contemplação de todas as coisas que constituem a vida. Observe o que diz Eckhart Tolle: “Muitos morrem mesmo antes de morrer”; isso significa que muitos seres humanos perdem o brilho de suas vidas, na alegria que deveriam ter pela grandeza de estarem vivos.

Não poderia ao falar da vida, deixar de falar da terra o berço de todas as vidas. Nela nascemos e para ela caminhamos todos nós. É a terra o palco onde encenamos todos os papeis de nossas vidas, como atores, coadjuvantes ou simplesmente expectadores do grande teatro que é a natureza. Quem de nós não sente saudades da terra onde nasceu, viveu e brincou quando criança, até mesmo onde por algum tempo visitou, fez amigos e se embriagou pela miragem bucólica de montes, vales e colinas nos belos recantos deste paraíso chamado terra.

Cada região tem a sua beleza, seus costumes e o fetiche de seu povo. Por isso, falar da terra em prosa e em versos faz dessa a eterna musa de um poeta que ama até o ultimo grão de areia esquecido pelo vento ou o ultimo solo ressequido pelo sol. Pois para quem ama sua terra, haverá sempre uma folha seca que lhe servirá como manto em seu eterno sono.

Rio, 18/04/09

Feitosa dos Santos