TRAGO FLORES PARA VOCÊ
TRAGO FLORES PARA VOCÊ
Marília L. Paixão
Dentro de mim é isto que trago, mesmo se tem hora em que eu estrago alguma parte da planta. Trago dizeres que não se dizem mais. Olha que quando me vejo pensando em você eu vejo um rio sereno em seus olhos. Quem sabe lá dentro eu sou peixe nadando, pequeno. Peixinho daquele que escorrega da mão ou do corrimão da escada.
Trouxe flores no lugar de versos, pois nem todo dia os versos são lindos como você mereceria. Por isso achei melhor essas flores cheias de vida. Achei melhor por elas parecerem com os seus olhos brilhantes.
Tomara que você adore as flores, mas não se esqueça que por trás delas continuam os meus defeitos que não consigo enfeitar ou disfarçar ou remendar ou perder não importa por quais ruas eu ande. Desculpe-me a gramática mas gosto do exagero das minhas explicações enfáticas. E mesmo se eu tentasse enfeitar com milhões de ramalhetes minha transparência não desafiaria nenhum espinho.
Que eu já aprendi que os seus defeitos são menores que os meus e que os meus versos não se comparam em nada à sua beleza a luz do dia. Que minha solidão á luz da noite ainda assim é pequena se comparada à estrada onde lhe perder definitivamente, jamais eu gostaria. Entre me perder ou lhe perder eu prefiro fitar as flores que trago. Que é nas pétalas que escondi o verso bobo em que eu dizia que te amo.
Para que dizer se elas dizem? Há versos que são tolos demais meu amor. E hoje eu queria algo bem parecido contigo e essas flores eram as que mais se aproximavam de como lhe vejo por trás da sua alma branca e negra que vive a minha procura. Vai rir e eu pensarei: Está rindo das flores. Explodiremos numa única gargalhada por fim. Mas se continuar rindo das minhas flores eu direi que elas não são só para você. Elas são também para algum coração dormente que depois de imaginar essas flores ficou também contente.