...ONTEM EU CHOREI...
Ontem (11/04) eu chorei; não de saudade, como pode parecer. Chorei de emoção. Tem dias que estou mais emotiva. Estava olhando as fotos de nosso convite de formatura no Orkut de um amigo e lá encontrei dois depoimentos em minha foto. Fiquei enternecida com tanto carinho e me peguei chorando. Pela beleza das palavras e, principalmente, pela grandeza dos sentimentos brotados naquelas almas generosas que vêem em mim tantas virtudes. Senti-me feliz ao perceber que deixei e levarei boas lembranças deste período.
Conquistei amigos. Gente que continuará fazendo parte de minha vida. Nessas horas, quando a despedida é inevitável, percebemos que as pessoas entram e permanecem em nossas vidas – mesmo que nunca mais as encontremos –, de várias formas, não apenas pelo encontro calmo da afinidade de idéias, da mansidão das palavras, da ternura dos gestos, do abraço que conforta.
Elas também chegam, e faz morada em nossos corações, no calor das discussões, na discordância das idéias, na diversidade dos pensamentos, na pluralidade do saber. Chegam através das diferenças e conquistam nosso carinho, nosso respeito. Quantas discussões acaloradas tivemos naqueles corredores, na nossa pracinha, nas salas por onde passamos! Debates em defesa de nossas idéias, que nem eram assim tão nossas, já haviam sido pensadas, defendidas por grandes filósofos. Mas, as quais nos entregávamos como se delas dependessem as nossas vida.
Quanto amores descobri ao longo do curso! Em cada unidade um novo filósofo me seduzia. Uma sedução que dispensava a paixão dos corpos, pedia apenas da paixão pelo saber, a entrega aos livros, o encantar-se pelas descobertas, o espanto diante do novo ou do que sempre esteve tão óbvio que nós não percebíamos.
São estas as lembranças que levarei comigo. De noites insones. Do medo de não cumprirmos os prazos. Da alegria e/ou tristeza diante dos resultados das avaliações. Do choro pela reprovação em Lógica II (a primeira e, espero que a última, de toda minha vida escolar), da alegria pela superação e aprovação no semestre seguinte.
Recordações de um período em que descobrimos que nunca saberemos o suficiente, que precisamos continuar caminhando nesta estrada que nunca termina, mas cuja caminhada é tão fascinante que é impossível querer parar e ficar a beira do caminho.
Daqui a pouco nos despediremos. No abraço apertado somente a certeza dos dias vividos. No olhar a centelha de esperança, dos sonhos que alimentamos com nossas descobertas, a curiosidade que aprendemos a cultivar, mas, acima de tudo, a alegria de terminarmos um ciclo que é apenas o começo de muitos outros em nossas vidas.
E que, cada um de nós, possa dizer com segurança, a exemplo de Sócrates: “tudo que sei é nada sei”. Mas que precisamos saber o suficiente para defendermos nossas monografias. E que os Deus e os deuses nos abençoem e Sofia nos socorra.