DE MULHER PARA MULHER...
Encontraram-se ao final da tarde, depois do trabalho, na casa de uma delas. Foram devidamente preparadas. Levaram seus estojos de maquiagens, revistas femininas, o último exemplar de “Caras”, refrigerantes “zero”, barras de cereais sem açúcar e uma vontade infinita de colocar aquela conversa em dia...
- Então? Vocês conheceram o Carlos... E aí?
Silêncio sepulcral entre todo o grupo. Depois de um constrangedor hiato de mais ou menos uns vinte segundos, a mais espevitada resolveu abrir o diálogo:
- Então que “nada a ver” ele, né amiga?
- Por que? Ele não é bonito? – Rebateu a inquiridora, cuja conversa praticamente nem começara e já se mostrava incomodada com a opinião.
- De boca fechada ele é “um tudo”! Mas abriu a boca e a gente já vê que é totalmente “sem noção”.
- Desenvolve perua! – Devolveu ela, preparada para tudo, e já com certo ar de ironia.
- Então... Ele disse na cara dura para mim, a Cintia e a Lu que era um cara fiel, estava a fim de viver um grande amor e queria encontrar uma cara metade que pensasse como ele para atravessarem juntos a vida... Me poupa, né? É ou não é sem noção? – Neste momento, os semblantes das outras participantes variavam entre surpresa, receio e concordância embora não se ouvisse um pio.
- E qual o problema? Um homem bonito e moderno não pode mais ter esses valores tão estimados pelos nossos pais? - Contra-argumentou ela, decidida de que um pouco de reflexão e intelectualidade naquele debate lhe daria um maior respeito perante às outras que, naquele instante, apenas esperavam (como leoninas em meio à caça e contra o vento!), um desfecho para poderem atacar.
- Poder, até que pode, né amiga... Mas escolher você para tentar fazer isso é ser muito sem noção...
Este foi o último comentário audível em que foi possível identificar quem era quem...