SOBRE GENTE E BAMBU...

 
 
                                                                          O bambu com muita gente
                                                                                     Se parece no feitio,
                                                                         Por fora belo e imponente,
                                                                             Por dentro oco e vazio...
                                                                                 (desconheço o autor )
 
 
         Eu fazia o primeiro ano do Ensino Médio (minha memória ainda funciona...) quando “Tiana”, professora de Português, pediu que fizéssemos uma redação a partir desta quadrinha. Esta semana o tema voltou a povoar meus pensamentos. E, por extensão, lembrei-me da entrada do aeroporto de Salvador – Bahia, ladeada por bambus e o quanto fiquei encantada por aquela paisagem!
 
         Foi quando comecei a pensar: até que ponto podemos comparar as pessoas ao bambu? Existem, realmente, pessoas vazias, ocas? Ou elas são apenas diferentes do que gostaríamos que fossem? Possuem outros valores? Ser belo fisicamente implica em ser fútil? Preocupar-se com a aparência é sinônimo de não possuir inteligência? Todo feio é inteligente? As perguntas foram se multiplicando e, de novo, eu percebi as armadilhas dos rótulos. Dos preconceitos.
 
         Claro que não sou ingênua ao ponto de imaginar que todo mundo é um poço de santidade, bondade. Ou que todos estão preocupados com o SER. Que as pessoas são, por excelência, bonitas (refiro-me a beleza de conteúdo). Por ser humana (?) sei de nossas limitações e fraquezas. O que me pergunto é se há pessoas más, fúteis em essência, ou se todos têm seus momentos de bambu.
  
         Outro dia uma amiga me disse que eu via beleza onde ela não existia e bondade onde ela nunca passou. Foi uma surpresa. Nunca havia me imaginado assim. Aliás, não me considero assim. Eu apenas não consigo ver maldade onde ela ainda não se apresentou. Das pessoas eu espero sempre o melhor, mesmo sabendo que posso ser surpreendida.
 
         Eu não sei viver desconfiando, esperando sempre o pior, acreditando que o outro é um inimigo em potencial. Para mim todos são bons até que provem o contrário. Acho que meu “intuiciômetro” (não se assustem, esta palavra não está no novo acordo ortográfico, é criação minha) é quebrado. Sabe aquela história de dizer: eu sabia que isso ia acontecer? Eu nunca sei. Minha intuição só funciona movida a fatos. Ai não é mais intuição. Ou é?
 
         Prefiro ver as pessoas como aquela “coisa” complexa e maravilhosa, cheia de virtudes e com defeitos adicionais. Gosto de belas embalagens sim, mas interessa-me muito mais o conteúdo; adoro ver gente bonita, mas para conversar, conviver e dividir meu precioso tempo e espaço eu espero bem mais do que isso. E gosto de bambus, são ocos, mas podemos fazer belas obras a partir deles.







Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 09/04/2009
Reeditado em 09/04/2009
Código do texto: T1530283
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