Sr destino

Sr. Destino

A minha vida inteira sempre foi muito movimentada, pois meu pai era um profissional liberal, mas corria em suas veias o estilo de comerciante dos meus antepassados, resultando daí uma eterna procura de negócios seja lá onde fosse. A sorte minha e de todos os meus irmãos foi que a mudança de endereço sempre dava no período das férias, coisa que nunca atrapalhou nossa vida de estudante.

Desses locais onde morei, o que mais me marcou foi Ribeirão Preto, pela sua beleza e a eterna procura de desenvolvimento para todos. O bairro se chamava Cachoeirinha, era um bairro novo, numa área perto do centro da cidade. Por ser um bairro pequeno todos se conheciam e se ajudavam quando havia necessidade. Tempos depois da minha chegada a Ribeirão outra família se faz presente, oriunda do interior das Minas Gerais. Era composta de nove pessoas sendo 6 do sexo feminino e três do sexo masculino. Uma me impressionou bastante pela sua beleza e parece ter a mesma idade que eu. Tinha os cabelos negros compridos com franjinha.

O passar do tempo num lugar ainda pequeno fez com que as nossas famílias criassem laços de amizade. Fiz amizade primeiro com os meninos para ser mais fácil chegar àquela princesa do clarear.

Apresentei-me para aquela menina dizendo que chamava Eduardo e ela falou que seu nome era Helena. Já mais íntimo da família ficava com Lena, era assim que chamavam a doce Helena da sua casa. O que imaginei se concretizava, ela era um ano mais nova que eu, nossos papos eram gostosos, ficava encantado com sua meiguice e passei a ter um relacionamento mais íntimo a ela, chegando a ser mesmo seu confidente.

Lembro-me bem quando me contou que a sua mãe até brigava com ela por apanhar da sua irmã mais nova. Ela emociona-se ao contar que certa vez arranhou os braços de sua irmã caçula e, ao ver o estado dos mesmos durante o almoço, as lágrimas fluíram dos seus olhos com facilidade.

Lena era uma pessoa muito romântica que deixava transparecer toda sua candura e maturidade com tão poucos anos de vida.

Sentávamos, ao cair do crepúsculo, no portão da casa de Lena onde toda a criançada da rua se ajuntava, para se possível, inda brincar mais um pouco. As brincadeiras se alternavam com a inspiração e criatividade dos participantes.

Para se ter uma idéia o volume de meninos e meninas que fazia parte da diversão era enorme, pois lá de casa com os da casa da Lena davam 15 crianças só de duas famílias e o mais interessante que não havia duplicidade de nomes na gurizada. Se estivessem perto alguns dos pais das crianças também faziam parte da brincadeira coletiva, na maioria das vezes era a mãe que entrava, pois nossos pais gostavam muito da gente, mas se mantinham no seu lugar que era coisa comum na época, a distância do patriarca da família das brincadeiras dos filhos.

O convívio de nossas famílias era grande, tanto que o Sr Roberval, pai de Lena, veio perguntar a meu pai se ele conhecia alguém para ajudá-lo a tomar conta da loja, pois ele estava sobrecarregado de serviço. Meu pai ponderou um pouco e citou o nome de Gabriel, um rapazinho esperto e jeitoso, que na opinião dele seria a pessoa adequada. Logo em seguida o jovem começou a trabalhar com o Sr Roberval. Algum tempo mais tarde ele já se envolvia com a Josie, filha mais velha do Sr Roberval, mesmo com os olhares atravessados dos irmãos, pois era uma família muito unida e tinham medo que a irmã sofresse com Gabriel.

Eu e Lena adorávamos conversar com o quarentão Andersom, por ser uma pessoa mais velha e culta que nos envolvia com suas histórias de coisas vividas por ele ou por terceiros. Adorávamos aquela nossa vida ali em Ribeirão, pois para nós o mundo começava ali e terminava ali também e tudo era divino.

Certa manhã de outono meu pai levou um choque ao conversar com a vovó Maria que contou a perda do vovô Abelardo que falecera repentinamente na sua terra natal, no interior do estado do Rio de Janeiro. Ficamos desorientados com a notícia e mudamos para Belo Horizonte, para ficarmos junto dela, por ela estar numa idade avançada, sendo o meu papai filho único do casal.

Deixamos Ribeirão tendo contado uma história feliz enquanto estivemos ali. Eu sofria com a perda de vovô, mas gostaria de viver um mundo de felicidades com Helena, pois terminava com ela o meu relacionamento que achei seria eterno, mas isto é obra do Sr Destino. Voltamos para uma vida sem graça e bem diferente da que possuíamos em Ribeirão Preto e tudo para todos começava do zero de novo. Novo colégio, novos amigos e a vida continuavam triste principalmente para mim sem o contato com a doce Leninha. Meu pai, desta época para frente quietou-se um pouco, pois vovô para ele e pra gente era uma pessoa sem igual e com isso não tinha mais aquele interesse de antigamente por nada.

O relógio, não para em mossas vidas e continuei escrevendo a minha própria estrada. Nestes quarentas anos que se passaram cada um de nós lá de casa tomou um rumo diferente na vida principalmente com a perda de pai e mãe nesse período. Creio que devo ter continuado a história da família, mesmo sendo um administrador de empresas bem sucedido adorava barganhar coisas e isto sempre foi uma marca da família. Soube através de amigos próximos que tinha uma fazenda muito boa na região de Campinas e que eu deveria dar uma olhada de perto. Achei interessante e parti para Campinas, interior de São Paulo, para conhecer tal propriedade que haviam me dito. Procurei as pessoas que estavam a par do assunto desejando informações da propriedade e dos donos do imóvel. Eles me falaram que as terras eram boas e valorizadas, estavam sendo vendidas por causa da brigas do casal. A separação dos dois foi responsável pela venda das terras. Nada mais foi me dito referente ao torrão. Ponderei comigo mesmo: já que estou aqui não custa nada dar uma olhada e marquei um encontro com o Sr Rubens Lacerda, que e a o proprietário do imóvel. A minha visita a sua casa não demorou a acontecer, a conversa foi bastante longa e senti nele o interesse da venda, mas não acontecia por alguma coisa que ele não queria dizer, então foi criado um impasse. Conseguia ver nele uma vontade de se desfazer das terras. Nós marcaríamos para depois da Semana Santa outra reunião.

Eu precisava descansar um pouco. Já em Belo Horizonte, liguei para Srta Helenice, da agência de viagem, para que ela me colocasse a par dos passeios nacionais que teria naquele feriado. Indagou-me o que mais gostaria. Tendo escutado da Sra. Rebeca, funcionária da empresa, só palavras de elogio para Caldas Novas e região. Perguntei a Srta Helenice se ela tinha algo para aquela região. Então me falou que teria uma excursão deixando a capital mineira na quinta cedo e regressando na terça pela manhã, mas esta viagem seria de ônibus, e perguntou se gostaria de embarcar. Pensei, então pedi para a Srta inscrever-me e que me juntaria com o pessoal no dia. A Srta Helenice reservou-me a poltrona 22 que é corredor. A cadeira do lado para mim seria uma incógnita até na hora de zarparmos. Entraram três pessoas no ônibus eram duas senhoras e uma jovem. Pararam de frente a minha poltrona. Uma senhora e a moça sentaram na poltrona 19 e 20. A outra senhora pediu-me licença para sentar-se, pois estava na 21 ao meu lado. Então já sabia quem era a companheira da viagem e se chamava Alice. O papo foi tranqüilo por ser uma pessoa mais velha e vivida e acabei descobrindo, no fim da conversa, que ela era amiga do meu dentista em Belo Horizonte. Deixamos Belo Horizonte às sete horas da manhã, uma viagem tranqüila, por ser uma distância considerada, o sono capturou-me algumas vezes. As paradas só foram regulares no meu ponto de vista, pois havia muito tempo que não viajava de ônibus neste trajeto, mas tudo bem.

Durante a viagem quando passei em cima de pontes, aflorou o meu medo. O rio Quebra Azul afluente do Rio Araguari, a represa de Nova Ponte e a represa Itumbiara, há muito tempo não via tanta água...

A chegada a Caldas Novas foi no começo da noite e paramos em frente à portaria da colônia de férias Jessé Pinto Freire. Fiquei impressionado ao ver a beleza do lugar, realmente coisas de primeiro mundo. Há muito tempo não via uma quantidade grande de pessoas novas e bonitas exercendo trabalhos diferentes formando uma equipe coesa.

Mais uma vez foi surpreendido pelo Sr. Destino. Foi quando a guia Maria Helena juntou o pessoal para fazer as apresentações de cada um para o grupo, sendo que cada uma das pessoas iria se apresentar. Quase no final uma jovem senhora se levanta se apresenta dizendo se chamar Renata e olhando para mim disse que me conhecia por ir sempre à loja para comprar algo quando precisava. Na loja vai uma infinidade de pessoas muito grande e não consegui me lembrar dela.

Num desses dias que estava na colônia resolvi conhecer o Hot Park que fica a uns trinta minutos do SESC. A minha visão deste complexo turístico com um belo potencial que é mal explorado e caro e sem atrativos para o pessoal de uma idade um pouco mais avançada, outro item que destaco é a grande distância entre os brinquedos, e a quase totalidade das diversões de lá são para um público infantil e adolescente.

Os poucos dias passados na colônia de férias foram maravilhosos, mas já era hora de volta para a rotina.

Na volta, dentro do ônibus, presenciei uma cena engraçada, uma senhora já à noite faz uso do banheiro e não tranca a porta, pois a luz não acendeu, pouco tempo depois só vejo esta senhora sentada no chão do ônibus praticamente sem a calça comprida e uma outra passageira chorando de dor pela pancada que tomou

Na volta de Caldas Novas, as lembranças gostosas já procuravam um lugar aconchegante em meus pensamentos, pois elas queriam ser sempre reais de tão bom que foi tudo.

Cheguei a Belo Horizonte quase dez horas da noite, peguei um táxi e rumei para casa, sabia que seria breve meu retorno aqui, pois tinha já marcado uma viagem para Campinas. Outra reunião foi marcada na casa do Sr. Rubens Lacerda com a presença de sua mulher e do filho para que houvesse uma definição sobre a venda ou não das terras. Espero pouco tempo e ouvi o empregado dizer que sua mulher acaba de guardar o carro na garagem. Ainda de longe vejo uma mulher com dois homens se aproximando e a cada instante se tornava mais visível o rosto das pessoas e em determinado instante, eles pararam. Aquela senhora tirou de dentro da bolsa um telefone e veio conversando no aparelho em nossa direção. Nisto o Sr. Rubens veio me mostrar um quadro que havia comprado o qual gostei muito, pois adoro pintura realista.

Quando sinto que as pessoas estão junto a nós viro-me e a dona da casa que não me tinha sido ainda apresentada deixa cair o seu celular, creio eu que deveria ter ficado surpresa com alguma coisa que tivesse visto. Nisto o rapaz que estava junto se abaixa e pega o celular e o dá para aquela senhora.

Sr. Rubens me apresenta para sua ex-esposa que se chamava Helena e que eu tinha interesse em comprar a fazenda do casal.

Nesta hora o Sr Destino marcou outra em minha vida, quando aquela bela mulher me chama pelo nome de Eduardo e o mundo inteiro se abriu na minha frente e vi aquela doce menina, deixada em Ribeirão Preto, ter virado aquela mulher maravilhosa aqui na minha frente. Foi tanta emoção que as minhas pernas bambearam de rever aquela meiga criatura companheira inseparável dos tempos de criança. Mil perguntas vieram a minha cabeça num piscar de olhos. Todas as pessoas que estavam no recinto se calaram e não dava para se entender o que passava. Eu e Lena não parávamos de nos fitar angelicalmente.

Sr. Rubens nos chama para o mundo de novo e tudo continuara como antes. Nisso a Lena me pergunta se eu queria comprar a fazenda, disse que sim, pois, continuava a história da família que ela já sabia qual era e fiquei sabendo daquelas terras através de pessoas e mim ligadas em Belo Horizonte e que nem sonhava ser dela.

Enquanto eu falava, ela balançava a cabeça parecendo estar entendendo o que estava sendo exposto. Disse também que estava em Campinas no Hotel Samburá e estaria lá enquanto essa questão não fosse resolvida.

Deixei para eles a proposta pela compra da fazenda e esperava um retorno deles no hotel. Percebi que a Lena era apegada a terra, mas era uma situação que estava vivendo, e a sorte estaria lançada.

Volto para o hotel e os minutos parariam no marcador do relógio por ser tamanha a minha aflição não só da compra, mas de quem também depois de um bom tempo revê a Lena e todo um passado.

A saudade dela desponta e a noite o telefone me chama, pensei que fosse o casal para marcar algo, mas não era. A Srª. Lena para mim naqueles dias mostrou interesse de conversar a sós comigo. Querendo marcar uma hora para a gente trocar idéias. Eu disse que por não conhecer direito Campinas deixaria para ela resolver onde seria o nosso encontro e ela fala para reunirmos num restaurante que tinha perto do hotel chamado Salom. Gostei da idéia e marcamos para uma hora depois.

O meu costume é de ser pontual, mas quanto a Leninha não me lembrava. Décadas se passaram e as minhas recordações estavam desarranjadas na minha cabeça, mas momentos depois e com o olhar fixado na porta do restaurante vejo Helena, entrando no salão, linda como sempre. Levantei-me para puxar a cadeira para ela se acomodar na mesa.

Já fazia um bom tempo que estávamos conversando. Era um papo tão gostoso e envolvente que nos embriagávamos de alegria naqueles instantes e queríamos estar ali. Deixávamos o papo fluir livremente, falávamos muitas coisas e com frases ditas pelas nossas almas. Na pureza do nosso diálogo existia uma amizade absoluta, Ali se encontravam dois seres buscando a tal felicidade.

Ela já trouxe a escritura das terras. Na mesma hora preenchi um cheque no valor combinado e lhe passei. Depois disso fico até de boca aberta quando ela comenta que tem uma vontade louca de se sentir mulher, numa entrega total para mim, para que eu conhecesse nela a leoa que teria virado. Aquela menina delicada, ingênua e carinhosa que conhecera num passado distante. Lena não conseguia entender aquela sinfonia inacabada do nosso amor que era lindo na sua pureza, mas na mesma,época ainda éramos duas crianças e nunca houve a entrega de fato dos dois seres apaixonados.

Ela comentou que no dia que estive em sua residência, um mundo de situações encheram sua cabeça para que pudéssemos ficar juntos. Ela pensou no lugar, tempo de duração, desculpas para serem dadas para viver tranqüilamente aquele doce momento que tanto ela esperou que acontecesse em sua vida.

Perguntou-me se gostaria de passar uns dias com ela num sítio que ela conhecia um pouco afastado de Campinas onde estaríamos a sós, nós dois num lugar lindo e bastante aconchegante e com uma estrutura para tudo que íamos precisar e que falaria para seu marido que teria de ir a Ribeirão para resolver problemas da família. Aí pensei em nós dois num lugar muito nosso, onde nos esqueceríamos de tudo e de todos que nos cercavam. Ali a gente vivia aquele momento de amor que ficou guardado em nossas vidas, nisso dei um sinal positivo para ela dar continuação ao seu projeto de amor.

Vi uma mulher madura, uma pessoa que sabe o que quer da vida. Lutava por seus ideais, agora querendo outro tipo de vida. Resolução que acho certíssima. Eu já sou do tipo mais sonhador. A vida para mim é uma escola onde tento aprender a cada dia um ensinamento novo e diferente.

Ela desde o primeiro dia me deu asas para voar e como voei para este mundo encantado que há muito tempo se perdeu dentro de mim. Eram vôos rasantes sobre a felicidade na terra do bem querer.

No dia seguinte cedo rumei para o cartório para que pudesse regularizar a transferência do imóvel para meu nome a fim de evitar problemas futuros, pois sou um homem precavido.

Um dia depois só queria ver o belo brilho do astro rei no céu. Lena encosta seu carro na porta do hotel.

Ao sair do veículo o guardião do edifício foi ao seu encontro, lhe cumprimentar e falou que o Sr Eduardo pediu para que ela esperasse um pouco, pois ele já estaria descendo. De longe via vulto daquela mulher maravilhosa atrás da porta de vidro do hall do hotel, e me sentia um homem de sorte e abençoado por ter aquela pessoa do sexo feminino ao meu lado.

Logo que nos aproximamos foi trocado um beijo que selou o nosso bom dia. O perfume que era exalado do corpo da alteza me encantava e seduzia. Como se descreve uma mulher sem igual em tudo.

No carro, ela me comenta que iríamos para um sítio, achei legal, então ela questiona se gostaria de passar uns dias na serra das Palmeiras Imperiais e sendo um pedido do meu amor resolvi encarar esta cruzada.

No trajeto não tínhamos o asfalto como piso da estrada e sim uma terra já batida por causa das chuvas ocorridas aqui há pouco tempo. A beleza natural do lugar, com as cachoeiras que eram avistadas pela janela do carro, as árvores frondosas que ajudavam a compor aquele maravilhoso cenário que nos envolvia docemente pelo seu romantismo.

Parecia que estávamos chegando ao paraíso. Dava para se ver a sede da estância. Lá possuía uma grande variedade de flores e as orquídeas ocupavam o maior volume no jardim.

Este sentimento é tão forte que fui conhecer um pouco mais do reino que ela tinha saído, linda princesa, e que veio povoar meu coração, mas acima de tudo ele é sincero e meigo apesar das batalhas que já enfrentei.

Quase chegando ao sítio observo um carro que piscou os faróis dado a impressão que conhecia alguém no automóvel que estávamos e Lena está tão entusiasmada com aquela situação nem percebeu isto, pouco depois estacionávamos o veículo na garagem do sítio. Notei que era distante da sede, pois a entrada passava-se num caminho florido por jardins dos dois lados com uma passarela de pedra são Tomé no meio e a cobertura não deixava que nem o sol ou gotas de chuvas perturbasse a paz dos visitantes.

Estávamos na recepção da estância, Ariane, uma linda menina tinha um belo sorriso e esbanjava alegria e uma espontaneidade que era coisa sua. Ela que era responsável pela manutenção do sítio nos disse que teríamos privacidade em tudo e que ela só iria ao nosso encontro quando solicitado por nós. Achei muito legal isso.

A cada lugar abordado por Ariane ficávamos cada vez mais empolgados com tudo sem ao mesmo conhecê-los, só pela explicação da guria. Resolvemos dar uma volta para ver um pouco daquele mundo encantado.

As piscinas foram às primeiras coisas a serem visitadas por nós. Ficamos bobos de ver a organização da estância e não esperávamos tanta coisa como estávamos vendo. Possuía também até uma piscina de ondas lá dentro.

Todo clima daquele pequeno universo mexia com a gente Depois de um passeio preferimos voltar à sede para podermos ir para nosso quarto, pois estávamos cansados por tudo que foi feito na semana e naquele dia.

Nosso quarto era bem arejado, tinha de tudo para que pudéssemos esquecer-nos de qualquer problema existente, as suas paredes levavam um acabamento diferenciado e com cores afrodisíacas nos faziam sonhar acordado. A imensa cama redonda ao centro, com o teto espelhado era um dos destaques das acomodações, poderia falar também dos grandes almofadões estampados espalhados pelo chão, em cima de um tapete na cor verde musgo, era um detalhe a parte. O banheiro também muito bem transado com uma banheira de hidromassagem tornava divino aquele cantinho que naqueles dias seria só nosso.

Saímos para comer algo e fomos para a cidade que tem lá perto. Encostamos à cama para tirar uma soneca e o sono nos pegou em cheio. Acordamos quando o sol clareava o nosso quarto.

Não sabíamos o que iríamos fazer nesse novo dia que começava.

Pedimos nosso lanche no quarto. Quando acabamos o banho o café já estava servido na sacada do quarto. Depois fomos caminhar pelo pequeno bosque que tem na no terreno do sítio.

Enquanto caminhávamos, avistamos uma linda maravilha da natureza que era uma envolvente cachoeira de águas quentes e cristalinas. Resolvemos nos aventurar e tomar um belo banho naquele mundão de água que estava a li na nossa frente. A temperatura daquela água era ótima, pois nos tocava sem nos queimar, mas agasalhava o corpo. Lena parecia uma criança com aquela cachoeira que ela e relembrava de uma queda d'água que tinha na fazenda do seu pai quando criança, em Frutal.

Depois desse banho na cachoeira voltamos para a casa e tivemos a idéia de aproveitar o dia e nadarmos lá na piscina da casa para findarmos a manhã. Voltamos no final da manhã, mais bronzeados e cansados do passeio pelo bosque e da piscina. Ao chegarmos ao quarto tomamos uma ducha.

Assistimos um pouco de televisão e ouvimos música, que tocava no rádio, mas não tinha nada de interessante e acabamos tirando uma soneca.

Lá pelas 20 horas levantamos e fomos nos banhar, para dar uma volta na pequena cidade. A noite estava toda estrelada com uma lua enorme e convidativa. Soprava uma brisa que nos envolvia agradavelmente quando adentramos num barzinho da pracinha. Saímos dali por volta das 22h30min e regressamos para o sítio. Dormimos cedo neste dia.

À tarde, do dia seguinte, fomos então a uma sorveteria que tem uma grande variedade de sorvetes. A tarde passava deliciosa e nem nos preocupamos com as horas de tão bom que estava a nossa conversa, tanto eu quanto ela sentíamos a cada instante mais atraído um pelo outro.

Num deste dias que estávamos no quarto, namorando ouvi ruídos, mas não dei importância.

A semana passou rapidamente e o que é bom dura pouco. Este ditado é verdade, pois estava na hora de recolhermos nossas bagagens e voltarmos para este mundo de labuta que a cada dia nos suga mais e onde temos menos tempo. Sem o direito de sonhar e viver com as belas coisas, que a vida nos mostra a cada instante.

Retornei para Belo Horizonte. Estava mais aliviado depois daqueles dias com a meiga Lena e sentia nela também um sorriso diferente. Parecia mais alegre e disposta para encarar novamente a vida de peito aberto e com a alma renovada. Com isso tudo que aconteceu com nós dois, ficou difícil nos separar doravante. Marcamos de encontrar-nos mais vezes para sempre trocar idéias sobre a vida que hoje em dia é muito difícil, pois somos muito ocupados neste mundo cão.

O tempo passou rápido, e as noticias que chegam de Campinas, me assustam. Lena estava sendo intimada para depor, na vara de família, por ter cometido adultério, há um tempo atrás. Fiquei preocupado com esta audiência que resolvi mais rápido os pois era meus problemas aqui e embarquei para Campinas para que pudesse dividir com ela a sua dor. Deduzi que seria a outra parte envolvida, pois era eu a pessoa que estava com ela, mas preferiu não me envolver, fiquei sabendo da história através de amigos que moram lá.

O contato da primeira vez foi difícil, pois não sabia o lugar que ela estava depois do ocorrido. Fiquei sem jeito de procurar notícias com o pessoal da casa dos seus pais. Pedi a amigos mais chegados que conheço em Campinas, pata tentar descobrir seu paradeiro antes da primeira audiência, se fosse possível. A resposta não demorou a chegar aos meus ouvidos. Pelos comentários era teria ido para Ribeirão Preto.

A primeira audiência já estava marcada, para três dias à frente, no fórum de Campinas, para ver se haveria um reencontro do casal ou não.

Nesse tempo que ficamos juntos nunca lhe pedi seu celular por achar desnecessário. Como este aparelho é muito pessoal não teria condições de consegui-lo. Nessa hora me lembrei de Ariane no sítio, pois vi Lena lhe dando este telefone. Corri para ver se através de Ariane conseguiria, mas como o não me recordava direito do trajeto demorei um pouco para chegar. Com o coração aflito contei para aquela menina do sítio toda minha história, e ela aflita também, passou o n° do celular de Lena. Esta informação foi preciosa para mim, já em Campinas liguei para Lena. Tomou o maior susto quando escutou minha voz, me indagando o porque da minha estadia lá. Nisso lhe falei que tinha ficado sabendo do ocorrido e viajei até Campinas para ver se podia ajudar, mas não sabia como. Pedi para voltar à Campinas. Falei que estaria no mesmo hotel e a esperava ansioso.

Na manha seguinte, ela encosta o carro ao lado do hotel. A conversa foi longa e cheia de detalhes. Ela fala que começou no trajeto para o sítio, e que ela mesma não viu. Então pergunto o que tinha acontecido de diferente. Lena diz que A caminho do nosso cantinho, um carro cruzou conosco na estrada, perto da estância, e ela não se lembrava deste detalhe. Nessa hora resolvi falar algo que lembrava a cena, e que não havia comentado por achar sem importância. Lena comenta que o motorista do carro era um tio do ex-marido e por ficar preocupado com ela andou mais um pouco e voltou pensando que estivesse com algum problema. Ele pode observar quando descemos do carro na garagem e fomos abraçados para dentro como um casal de namorado.

Saindo dali ele foi conversar com seu sobrinho Rubens, seu ex-marido, a respeito do que tinha visto momentos atrás. Rubens pediu-lhe que descrevesse o homem que estava com ela. Pela descrição feita concluiu que era eu. Neste momento sua cabeça entrou em parafuso sobre toda a situação que vivia e não chegava a canto algum e também não acreditava que não nos encontrávamos, de forma alguma, e iria até as ultimas conseqüências, mas depois de conversar com seu advogado ele voltou atrás.

Já esperava essa reação por parte dele pelo seu temperamento autoritário, machista, possessivo e muito mais. Fiquei sem lugar até aqui em Campinas por isso fui para Ribeirão Preto. Deixei tudo transcorrer e aguardo a sentença seja ela qual for. Porque aqueles dias com você foram à melhor coisa da minha vida. Ela comentou também o pensamento do seu filho sobre aquela situação e por ser ele uma pessoa mais jovem entendeu o que aconteceu, pois no dia que nos encontramos a primeira vez em minha casa ele estaria presente e presenciou tudo e pela sua cabeça estaria errada, mas me compreendia. Isso para mim foi um alívio ouvir.

Ponderei com ela que realmente era um sonho que tinha ser transformado numa doce realidade que demorou, mas nos deu forças para encararmos a vida diferente doravante.

Na noite que antecedia o julgamento não consegui fechar os olhos de tanta aflição. Nesta ocasião achei melhor não me envolver por ser uma questão do casal, mas estava ansioso demais para saber o que aconteceria no fórum. Chegou o dia da primeira audiência, Lena estava tensa, era chegado o momento D de sua vida que poderia dar um novo rumo a ela.

Só foi permitido a participar os advogados do Rubens, da Helena mais o meritíssimo.

_Lena me comenta mais tarde que teve um princípio de bate boca entre ela e o ex-marido, mas que o meritíssimo entrou em ação nesse momento pedindo ordem na sala. O Dr. Leandro, advogado dela depois de conversar com o Dr. César, advogado do ex- marido chegaram a um acordo que pudesse agradar as partes. Onde ela deixaria para o Rubens as jóias, pois ele sabia que tinha um apego sentimental muito maior pela casa da praia, e por saber ser outra perda alta para ela. Isso era coisa de vingança pessoal. Foi quando uma luz baixou na cabeça dela e aceitou o que ele queria para poder recomeçar minha vida de cabeça erguida seja onde for de novo.

_ Nisso perguntei a Lena quando deveria girar em termos de dinheiro essa troca. Ela com uma simplicidade sua falou-me que a sua liberdade de ações e pensamentos são muito mais caro.

Daí em adiante foi tudo acertado com o meritíssimo que finalizou a audiência.

Agora era outro impasse que teria, ela não poderia deixar Ribeirão Preto em função dos seus pais, pois já eram bem velhos. Da minha parte tenho uma empresa para tocar e não teria jeito de ficar fora de Belo Horizonte, ainda. Depois de pensar resolvemos passar nossos encontros para serem quinzenais e a cada quinzena haveria a troca de casa.

Buscamos desta forma a tal felicidade sonhada.

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 01/04/2009
Código do texto: T1517827