A tristeza do meu arsenal.

Não me considero alguém triste, mas a palavra feliz nunca me definiria. Lembro-me de um sargento que dizia que a dor é boa porque nos faz sentir a vida, o medo da morte, então, considero-me apenas vivo.

E não há nada nessa minha vida que me encanta mais do que o desamor,desalento e todas as palavras cujo os radicais comecem com "des" e falem da "não felicidade".

Mas onde está o sentido da dor do "pós-amor"? concordo com o poeta que disse que o mais doloroso não é a perda em si, mas o sonhos à dois que jamais serão realizados, qual como a morte do filho que só soube o que é vida depois da morte.

Mas acho mais doloroso ainda o sonho que morreu pela infância, onde tudo não passava de um sonho sonhado por um só (a outra parte dormia nessas horas). Sabem quando uma arma de sonhos é apontada, planejada, medido o vento e a distância mas, em vez de uma explosão de pólvora e caricias vemos um cano se abaixar languidamente e ser encostado num canto de parede de um quarto isolado da casa?

Me acostumei, sim, com a saudade. De ver meu quarto e meu arsenal de sonhos que nunca chegou a ser utilizado com ninguém, apesar dos milhares de alvos...

Acho que vivo numa velhice "ex-combatente", vendo, todos os dias as armas que outrora gritavam por um disparo onírico mas que agora, como eu, se acostumaram ao canto de parede, à uma tarde chuvosa e à imaginação do "E se..."

Balthazar Sete sóis
Enviado por Balthazar Sete sóis em 01/04/2009
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