O Macaco Pelado
O Macaco Pelado
Muita gente pergunta porque resolvi adotar o pseudônimo Macaco Pelado. Acredito ser a maneira que encontrei de me reconectar à natureza. Quero gritar para o mundo como um animal selvagem. Sem educação. Sem cultura. Sem roupa. Sem pena de si mesmo. Sem a pretensão do homem racional que parece querer se afastar daquilo que faz parte necessariamente. Meu único entendimento é a felicidade de ser livre pulando de galho em galho. Quero me desfazer da grande ficção humana que nos aprisiona a um mundo de futilidades banais, desnecessárias. Desde pequenos aprendemos que somos animais racionais, uma divindade iluminada por Deus, só para nos afastar do resto da criação. Contra essa cretinice do macaco cheio de costumes frívolos me tornei o Macaco Pelado.
Minha nova vida é sempre nova. Vivo agora, neste instante. Impulsiono minhas forças ativas, minhas forças de criação. Me deixo afetar sem ressentir. Apenas sinto o ar que me atravessa o corpo no salto entre uma árvore e outra. Isso tudo é só um desejo, um sonho, um devaneio. A vida é ação, força, relação, liberdade sem tirania. Não quero olhar só por olhar. Não falarei à-toa. Não estarei simplesmente. Não julgarei meus atos. Não pedirei permissão. Não sofrerei a dor de culpa alguma. Não me arrependerei daquilo que fiz. Também falarei só por falar. Olharei só por olhar. Estarei só por estar. Viverei intensamente minhas vontades. Darei ordens ao universo. Gritarei aos céus. Tomarei parte naquilo que sou parte. Farei tudo isso independente de mim. Como corpo sem órgãos rolarei pelos campos verdejantes. Vou chorar, desculpe mais eu vou chorar e vou rir também, vou rir muito, não farei nada que seja pouco e pouco farei o que não seja nada, mas se nada fizer, farei nada muito, muito nada, nada pouco.
O ser humano racional de nariz em pé mutilou-se e não quer se envolver, prefere sub-existir na ilusão de que é outra coisa que não um macaco pelado. Sem pêlos descemos das arvores para viver em uma selva de pedras que mais parece uma jaula. Ainda temos ainda a pretensão de salvar o mundo, como se ele precisasse de nós. Salve-se quem puder!
Nestes anos como Macaco Pelado cheguei a muitas conclusões. Tantas foram as questões levantadas. Os pensamentos produzidos. As mulheres comidas. Essa ultima parte não é verdade, mas achei que alguém pudesse acreditar. O fato é que não há fato, os fatos acabaram todos. O que resta agora é barulho, Zum Zum Zum Xá Xá Xá.
Eis uma questão infinita, o sentido da vida. (som de trombetas) Que lindo! Fica sempre aquela pergunta, será que a vida tá perdendo o sentido? Mas qual terá sido, algum dia, o sentido da vida? Nem me arrisco a tentar defender uma tese sobre o sentido da vida, fato encerrado. Então, meu amigo leitor, me ocorreu um ocorrido. No sentido sem sentido da vida, podemos tudo, temos o direito de tentar qualquer mudança, isto sim é uma grande verdade. A grande novidade, nem é novidade mais, Roberta Close é homem. Não é disso que estou falando, embora isso tenha sido uma revelação para mim. A Roberta Close, homem?! “A mulher nota dez” Meu Deus! (recapitulando) Voltando ao equilíbrio sem equilíbrio do raciocínio sem raciocínio do que digo sem dizer. Hoje em dia tudo podemos naquele que nos fortalece, nós mesmos. Eis a grande revelação, a vida não faz sentido e isso é ótimo! Porém, entretanto, todavia, ao contrario do que se imaginava, os animais racionais, mesmo sabendo disso, preferem encarar essa boa nova como o apocalipse contemporâneo da realidade humana. Tá todo mundo batendo cabeça! Chegamos a um ponto tão fértil da raça humana e ficamos batendo cabeça até perder a cabeça. Perdemos a beleza da vida sem sentido, desesperados por dar sentido a vida. Tornando difícil o que é fácil. Sem segredo. Tá na cara. a existência! A própria existência, a de si mesmo, perceberam? Sou parte logo existo. Tomo parte logo existo. Existo logo sou parte.
Provavelmente vocês devem esta pensando que sou algum macaco maluco. Amigos, vos digo de pés juntos: - Nós somos o mundo! O sentido da vida é que a vida não tem que fazer sentido. O resto é silêncio.
Para finalizar está minha filosofia barata de boteco sujo, vou contar uma história que meu pai me contou em um dos seus poucos momentos de lucidez:
Um jovem ganhou uma cabra de herança. Foi a feira e trocou sua cabrinha por um grande pote do melhor mel da região. Colocou o pote em sua cabeça e pegou o caminho de casa imaginando como faria seu negócio render. Ele iria vender o mel em pequenos potes, com o lucro compraria duas cabras, trocaria uma cabra por outro pote de mel e assim ficaria rico. Pensou tanto carregando aquele pote pesado na cabeça que não viu uma pedra no caminho, a mesma de Drummond. Tropeçou e derramou todo o mel no chão de areia e cascalho.
Esse causo tem uma moral simples, cuidado para não tropeçar no seu sonho e estragar o que há de mais valioso agora, o agora!
Sejamos todos macacos pelados de bunda de fora, amém.