O FANTASMA FORASTEIRO.
Viandante da noite, a perambular por entre a multidão que se compraz nos festins da vida.
Sem pertencer a nenhuma opera, assim, não assombra ninguém. Carregando consigo em seus alforges algo de débil e muito de anônimo.
Absorto e entretido nos cardeais, ida e volta. Rotineiro, e num mesmo passo, obediente senão a sua contumácia.
Apenas um espectro ambulante!
Que toma de assalto tão somente a si próprio nos enredos de suas escolhas e imaginação - Pobre fantasma que só espanta a si!
De quando em quando para se saciar, de suas fomes, assume-se, forasteiro, deixando às ocultas, em sua mente, seu salvo-conduto, e se permite à identidade de pedinte, supondo-se, em terras absolutamente alheias. Furtando-se a idéia de que também, em parte, essas terras já lhe pertencem por haver ali semeado.
Pobre ser, vítima dos próprios caprichos, a marginalizar-se!