Voltando
Voltei. E ainda dói ver a minha liberdade ao longe. Só, intocável.
Sigo em frente tentando não olhar para trás. Sei que não vai ser algo simples, também sei que às vezes vou sentir-me perdida e sem saber o que fazer.
Mais uma vez vi as férias acabando, o mesmo caminho de volta, o mesmo destino e meus olhos totalmente encharcados.
A minha cabeça ainda está confusa, mas o meu coração está certo que tudo que construí nesses últimos meses é imperecível. Talvez seja meu único consolo. Prêmio de consolação.
Não vou mais ter meu próprio universo, todos os espaços reservados só para mim, todo meu maior egoísmo sem precisar ser reprimido, não vou mais poder tocar minha guitarra imaginária sem ser descoberta, nem dançar os hits da Jovem Pan às três de uma madrugada de insônia, não vou ter mais a porta ao lado sempre aberta...
Agora os meus medos vão voltar a ser reais, palpáveis e infinitos.
Vou voltar a ver em rostos diferentes os mesmos sorrisos ensaiados e aquela sensação de que mesmo usando todas as máscaras e fantasias não conseguiria me divertir naquela festa, fazer parte dela.
Mesmo me camuflando, tentando ser quase transparente, as pessoas me acham mesmo assim e ainda conseguem fazer da minha vida uma desgraça maior do que é a delas. No país deles o nome disso é comédia.
Alguém me disse para ver o lado positivo. É acho que tem sim. Faltam apenas 4 meses para as próximas férias e alguns feriados nesse intervalo de tempo. Bom começo, eu acho.
Enquanto isso, vou ser obrigada a seguir as mesmas regras sem sentido, a dormir a noite e ficar acordada durante o dia. Quando o que eu realmente preciso é apenas sonhar de olhos abertos e beijar de olhos fechados.