Tic-Tac (O tempo)
Ah... O tempo!
O verdadeiro remédio dos covardes e de todas as pessoas inertes e hipócritas.
Ficar de braços cruzados com um sofrimento veemente tornado voluptuoso a espera de qualquer coisa ilógica.
A que ponto chegamos!
Que degradação da nossa espécie.
Como é prazeroso ser jogado contra a parede, sem nenhuma frase pronta, com os dedos alheios apontados em sua direção e agir de maneira geniosa e impulsiva sem resignação. Aonde ficaria o cancerígeno tempo e sua falta de originalidade nesta circunstancia?
Certamente por ventura de tantas pessoas que esperam o tempo curar as suas lastimas que o mundo extravagantemente demonstra toda a sua morbidez lúgubre. Um mundo ortodoxo onde pessoas ditas sensatas e clarividentes sempre o utilizam como muletas.
O tempo é um remédio maligno que apenas traz acomodação. Se estais constrangido; Com o tempo passa. Se não sabes como resolver; O tempo se encarrega. Se estais certo ou errado; O tempo dirá. E o Pior, se estais confuso; O tempo dá-lhe a resposta.
Tempo... Seria melhor se não existisse. Ai sim as coisas seriam resolvidas com caráter e altivez. E todas as circunstâncias teriam um ponto final. E nada ficaria aberto como uma ferida. Conseguiríamos arrebentar essa maldita corrente que nos impedem de dançarmos livremente a valsa vienense. Não teríamos que tomar pendência a A ou B seja qual for o caso ou jactância. Não sentiríamos aquele mesmo gosto desprezível e a azedo de sempre mediante a cada palavra adequada não dita, não precisaríamos passar por isto.
Ponho-me a pensar com os meus botões. Aonde se consegue chegar com esse “tratamento do tempo?”
Em um ser mascarado anódino, Obscuro, ignóbil e rodeado apenas de prazeres momentâneos e atitudes efêmeras, ou em um asilo? Sim foi nisso que o tempo me trouxe, imóvel e inerte como todos aqueles que esperam a sua ação.