QUE DIA BOM PARA MORRER!

QUE DIA BOM PARA MORRER!

Marília L. Paixão

Estou precisando morrer de mim.

Duas vezes subi e desci o morro e não foi para pedir socorro.

Duas vezes quase morri de fato e não foi para comprovar ferrugens dos ossos ainda em bom estado.

Estava me sentindo o máximo por ter finalmente ido parar numa academia

Mas na volta uma coisa ou outra já me azucrina

Não faltam coisas importantes que eu não faça e que tenha o dever de fazer. Mas para que me sentir sobre a mira de um fuzil de soldado?

Devo morrer, devo morrer de fato.

Então quero morrer de mim por ser assim.

Quero morrer por não ter feito tudo que devia ter feito e posso muito bem morrer com as unhas por fazer.

Posso morrer estourando de alegria ou de suor dos morros.

Posso morrer simplesmente por estar viva.

E com tão poucos pecados para sair carregando posso até ir voando mesmo que morra esparramada pelo chão. Quem vai me emprestar um coração? Quem vai lhe emprestar um babador de ilusões enquanto você pensa que chora? Não sofra por mim que sofrer não traz glória.

Eu nunca morro de medo, de aperto ou de susto e só de abandono que morrer faz mal.

Eu morro de mim sem nem ter pulado carnaval. Eu morro todo dia um pouco enquanto não sou compreendida.

Hoje é um dia bom para me matar! Com nada estou comprometida. Hoje posso até morrer! Estou feliz da vida.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 13/03/2009
Código do texto: T1484540
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.