Informem-me quando a chuva passar.

Nem sei há quanto tempo estou sem escrever, sem idéias, sem vontade... Consegui, ao mesmo tempo, ficar mofada e enferrujada.

Só sinto vontade de ficar na minha cama, tentando esquecer que os dias tornaram-se noites intermináveis.

As chuvas mal chegaram e eu já estou desejando incessantemente que elas vão embora, pois são o motivo de toda minha inércia e preguiça de viver.

Acho insuportável toda umidade desse período, o mofo em todas as coisas e, principalmente o mofo em mim.

Mais insuportável ainda é perceber que os meus lençóis já não são suficientes para acabar com o meu frio e nem as meias esquentam mais meus pés gelados.

Nos dias em que acordo e percebo que o sol vai reinar do início ao fim, fico bastante feliz. Em meio à frieza dos sorrisos e a frouxidão de tantos abraços, sinto uma necessidade imensa de sentir algum calor.

Espero que esse tal de tempo passe logo, permitindo que o clima mude, que os mosquitos voem para bem longe e que os sapos voltem para outra dimensão.

Vou ficar esperando ansiosamente os dias chuvosos passarem, o tempo abrir para poder fechar o guarda-chuva, abrir as janelas e deixar todos os sentimentos e sensações entrarem novamente.

A única coisa que ainda me mantém viva e lúcida em meio a tudo isso é que no Estado onde moro, o inverno é sempre um pouco verão.

Talita Souza
Enviado por Talita Souza em 09/03/2009
Reeditado em 07/08/2009
Código do texto: T1476850
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