Preguiça, indiferença, falta de amor, ou o quê?
No largo passeio da frente de um condomínio de classe alta, vejo quase uma montanha de sacos, a maioria pretos, mas há os de supermercados também, alguns abertos, outros fechados, todos com lixo. Deve ser dia de o caminhão da Prefeitura passar.
Estou fazendo minha caminhada. Não devia, mas diminuo a cadência dos passos e fico observando, mesmo porque, para quem gosta de escrever, de poesiar, tudo é razão para parar, prestar atenção, anotar.
À volta dos imensos sacos, estão três catadores, um deles, é uma mulher, muito magrinha... Dois deles estão com luvas. É quase improvável, impossível, inaceitável o que vejo: Em cada saco há de tudo: de frutas e legumes podres a vidros, latas, vasos plásticos, pedaços de madeira, de fios, de metal, pilhas, lâmpadas. (Cheguei mais perto e vi).
Os catadores começam seu trabalho: enfiam a mão lá dentro do saco e vão tirando as coisas que lhes interessam, depois põem as porcarias lá dentro. Eles, do lado de fora, têm esse cuidado, quando os do lado de dentro é quem deveriam ter.
Fico imaginando em como é pequena, pobre e indiferente a índole das pessoas do condomínio... Elas não têm tempo para ensinar às suas serviçais como fazer a seleção. Elas não têm tempo de fazer, elas mesmas, esta tarefa simples... É o que se chama estado extremo de ignorância. Podem ser bacharéis, possuírem PHD, terem o título de doutores e um Mercedes do ano, mas, na faculdade da vida estão dormindo nos bancos da sala de aula...ou ainda nem fizeram vestibular.
Só há uma coisa que eles/elas sabem selecionar: os cartões de crédito, as melhores ações da bolsa e o que vão comprar....
Já no conjunto residencial onde moro, de casas simples e pessoas conscientes, quase todos os moradores colocam em sacos separados o que serve para os catadores. E eles, quando passam por lá, precisam apenas sentir com o tato, o que tem dentro dos sacos.
Parte da crônica "Catadores do que foi seu", de Yara (Cilyn) Lima Oliveira
No largo passeio da frente de um condomínio de classe alta, vejo quase uma montanha de sacos, a maioria pretos, mas há os de supermercados também, alguns abertos, outros fechados, todos com lixo. Deve ser dia de o caminhão da Prefeitura passar.
Estou fazendo minha caminhada. Não devia, mas diminuo a cadência dos passos e fico observando, mesmo porque, para quem gosta de escrever, de poesiar, tudo é razão para parar, prestar atenção, anotar.
À volta dos imensos sacos, estão três catadores, um deles, é uma mulher, muito magrinha... Dois deles estão com luvas. É quase improvável, impossível, inaceitável o que vejo: Em cada saco há de tudo: de frutas e legumes podres a vidros, latas, vasos plásticos, pedaços de madeira, de fios, de metal, pilhas, lâmpadas. (Cheguei mais perto e vi).
Os catadores começam seu trabalho: enfiam a mão lá dentro do saco e vão tirando as coisas que lhes interessam, depois põem as porcarias lá dentro. Eles, do lado de fora, têm esse cuidado, quando os do lado de dentro é quem deveriam ter.
Fico imaginando em como é pequena, pobre e indiferente a índole das pessoas do condomínio... Elas não têm tempo para ensinar às suas serviçais como fazer a seleção. Elas não têm tempo de fazer, elas mesmas, esta tarefa simples... É o que se chama estado extremo de ignorância. Podem ser bacharéis, possuírem PHD, terem o título de doutores e um Mercedes do ano, mas, na faculdade da vida estão dormindo nos bancos da sala de aula...ou ainda nem fizeram vestibular.
Só há uma coisa que eles/elas sabem selecionar: os cartões de crédito, as melhores ações da bolsa e o que vão comprar....
Já no conjunto residencial onde moro, de casas simples e pessoas conscientes, quase todos os moradores colocam em sacos separados o que serve para os catadores. E eles, quando passam por lá, precisam apenas sentir com o tato, o que tem dentro dos sacos.
Parte da crônica "Catadores do que foi seu", de Yara (Cilyn) Lima Oliveira