O carro novo
Ah. O brilhante carro novo... Como encanta nossa época! Para alguns, é sinônimo de status. Dá impressão de vitória, como a conquista de algo sonhado (mesmo que às vezes ainda esteja financiado em 60 meses, ou possuído à custa de agrados escusos, como denunciam os telejornais) Mas que importa! Se for importado melhor ainda!
O seu brilho seduz, atrai. É só ver os comerciais capitalistas, onde mulheres bonitas compõem o cenário, tendo em segundo plano vias iluminadas, praias, campos e até um tempo surreal ou futurista. Feiras automotivas, revistas, shoppings, grandes avenidas se tornam figurantes do capitalismo e fazem o preparativo para mostra e desfiles dos brilhantes carros.
Tudo é dinâmico. De tempo em tempo, com motor de quatro tempos, surgem novos carros, novos design’s com novas propostas de potência, segurança, airbag’s, economia e conforto. Saem em primeira linha de produção e são consumidos fielmente, entrando na lista dos itens mais cobiçados – e até colaboram com a economia do país! Poluição? Que nada! É um mal necessário. Afinal quem não quer ter um!
O carro, muitas vezes, foi o amigo colaborador de encontros abertos e secretos. Dos sonhos românticos. Substituíram as carruagens que seguiam felizes para as igrejas. Inspiraram os títulos de filmes. Carregaram malas pretas com fidelidade muda. Têm os carros-caminhões (coitados, esses levam os restos dos “jabás” e a sujeira, carregando o lixo).
Amigo leitor, nada contra um carro novo, pois tem os que nos socorrem, a modernidade necessita. Pois ao efeito do encanto, do brilhante, da sedução e da magia da vitória ilusória, alguns não escapam. Mas, lembre-se: o que hoje encanta, amanhã será aquele coitado “pau-véio” abandonado, ou na pior das hipóteses mais um nas estatísticas dos carros retorcidos... Quando, então, ele não será mais tão brilhante e bonito assim.