Coisas do futebol
Já ouvi muitas e muitas histórias espetaculares sobre o futebol, algumas até interessantes, mas a que vou narrar marcou-me profundamente pelo resto da vida. Corria o ano de 1.976 e nessa época residia na cidade de Barra do Garças, no estado de Mato Grosso. A direção da equipe de futebol dos Móveis Aurora, na qual eu jogava, por motivos desconhecidos, achou por bem colocar-me na reserva, substituindo-me por um perna de pau qualquer.
O responsável pela equipe adversária dos Móveis Aurora, José de Arimatéia, vendo-me fora da agremiação que defendia, convidou-me então para compor o seu time naquele dia. Como se tratava apenas de um jogo amistoso, não vira nisso nenhum empecílho para que isso acontecesse. Apesar dos meus 34 anos na época e já estar em fim de carreira, topei a parada, vestindo a camisa do time do 007 Futebol Clube.
Esse memorável embate realizou-se no Estádio do Clube Bancrévea, localizado no alto da serra que circunda a cidade. Logo de inicio tratei de tomar conta do meio de campo, relembrando vagamente o craque que fora no passado, quando era considerado grande meia armador. Nesse jogo parecia até que o Deus do Futebol ficara enraivecido pela despropositura dos que impensadamente me colocaram no banco dos reservas, fazendo acontecer de tudo. Minha performance foi das mais positivas, em termos de técnica e perspicácia no domínio da pelota e no comando do jogo como um todo. Eu que nunca gostara de fazer gols, marquei dois gols e criei uma jogada para que o colega de ataque, Taboana, fizesse mais um gol. Vencemos o jogo por 3 X 0.
O mais importante dessa minha exibição, dominando plenamente a partida, foi ver os ex-colegas do Móveis Aurora se lamentando de terem subestimado o grande jogador que eu era. Alguns dos meus ex-colegas da equipe dos Móveis Aurora, de tanta raiva, abandonaram a partida em andamento pelo constragimento que passaram com a minha alta atuação impingindo neles uma lição que tenho certeza, jamais esquecerão. Igual a essa, eu só sabia da acontecida no Maracanã, no dia 13 de maio de 1.959, no jogo Brasil versus Inglaterra, quando escalaram o Julinho no lugar do Garrincha que era o titular. Mais de 100 mil pessoas vaiaram o Julinho quando a equipe brasileira se adentrava ao gramado. Nesse dia o Julinho, cujo nome era Júlio Botelho, fez o Maracanã calar-se, pois além de demonstrar grande habilidade técnica driblando toda a defesa inglêsa, teve ainda a honra de passar a bola para o surgimento do primeiro gol do Brasil. O Maracanã aplaudia de pé as jogadas do Julinho, que ainda conseguira marcar um gol,decretando definitivamente, a derrota do time inglês.