PARADA OBRIGATÓRIA PARA MOTORISTAS DE TODAS AS CLASSES

PARADA OBRIGATÓRIA PARA MOTORISTAS DE TODAS AS CLASSES

Marília L. Paixão

Está escrito na Folha de São Paulo, jornal de hoje, que quanto mais adesivos um carro possui maior é agressividade do motorista. Portanto, pense duas vezes antes de buzinar caso esteja atrás deste numa fila de trânsito. Trata-se de comportamentos e o artigo ganhou o título de Terror em quatro rodas. Em seu livro, Vanderbilt diz que o tráfego é um microcosmo da sociedade, pois são nas ruas que as pessoas se misturam realmente com suas classes, idades, raças e religiões diferentes.

Tom Vanderbilt, escritor americano, acredita após várias pesquisas incluindo dados de psicologia, urbanismo e engenharia de tráfego, que um cidadão que fica imobilizado por horas em seu carro vivencia situações implícitas de poder, com mostras ofensivas de egoísmo. Nestas situações ficam claras como as pessoas tratam umas as outras. De acordo com a pesquisa, homens buzinam mais que mulheres e pessoas em carros mais caros buzinam mais que pessoas em carros mais simples.

Abandonando agora o artigo do jornal. E sem as quatro rodas num momento em que estamos um de frente para o outro, qual será nosso comportamento? Faremos uns preconceitos movidos pelas roupas que usamos? O poder se mostrará através das grifes? E numa noite escura numa rua deserta? Neste caso é muito mais improvável que uma pessoa de posses esteja exposta, pois para começar ela não circularia sozinha por nenhuma rua sem alameda de flores. Raras exceções vão parar em filmes e novelas.

Sobra-nos então a alternativa de concordar com Vanderbilt. É mesmo no trânsito que pessoas de diferentes classes se misturam. E claro, podem se misturar também durante um show de música, mas nem tanto. No Brasil, por exemplo, Madonna estranhou a existência dos camarotes. Então não é no mundo inteiro que existem os camarotes? No show da Alanis tinha a pista vip e eu estava bem atrás da grade que a separava da pista livre e vi até a Gabriela Duarte, filha da atriz Regina Duarte que posou muito simpaticamente para uma foto atendendo a um pedido de alguém que estava pertinho de mim.

Aquela multidão para falar a verdade era praticamente de classe média, pois o público todo estava cantando as músicas o que já indicava conhecimento de Língua Inglesa, e olha que as músicas da Alanis não são fáceis de serem cantadas. Este era muito diferente de um público que fosse assistir a um show de chitãozinho e chororó. As classes se misturariam? Em que proporções?

Nossa! Com essa comparação acabei me engrandecendo.. RS...rs. Bom, de uma forma ou de outra estamos sempre em busca de nossos momentos de glória, mais um motivo de ter orgulho de amar a Alanis e ser feliz por entendê-la, mesmo tendo que agir como o povão que compra caras. Não é que ela estava lá na capa?! Você acha que eu não ia querer saber o que ela dizia lá dentro?

Moral da história: Na essência somos todos iguais e com rodas ou sem rodas só pensamos em nós mesmos e em tudo que nos dá prazer. Mas voltando ao artigo, Psicólogos como Philip Zimbardo demonstrou que as pessoas estão menos propensas a cooperarem quando não vêem ninguém. Já em casos extremos, agem mais violentamente contra aqueles que elas não podem ver. Está explicado então o fato de quem possui um carrão ficar buzinando com mais intolerância se para em sua frente um carrinho?

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 08/02/2009
Reeditado em 08/02/2009
Código do texto: T1428285
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